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CPI acusa ex-presidente do Santos

A comissão pedirá o indiciamento de Samir Abdul-Hak e de membros da sua diretoria, por envolvimento em diversas irregularidades na administração do clube.

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Por Agencia Estado
Atualização:

A CPI do Futebol vai pedir ao Ministério Público que indicie o ex-presidente do Santos Samir Jorge Abdul-Hak e os diretores da sua gestão por apropriação indébita, sonegação fiscal, falsidade ideológica, gestão temerária e evasão de divisas. As evidências de desvios praticados em prejuízo do clube, no período de 1996 a 1999, estão detalhadas no parecer que o relator da comissão, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), apresentará na terça-feira. Em cerca de 70 páginas, Althoff aponta indícios de vários tipos de fraudes utilizadas por Samir Abdul-Hak e seus assessores no comando do Santos. Entre eles, a CPI identificou a evasão de US$ 1,66 milhão, recebido na venda do jogador Alessandro, e a utilização de R$ 8 mil do clube para pagar reparos e peças do automóvel Mercedes Benz do ex-presidente. De acordo com as investigações da CPI, parte dos R$ 3 milhões recebidos em junho de 1999 pela venda de Alessandro ao Porto, de Portugal, não deu entrada no Brasil. No depoimento que prestou à comissão, Samir Abdul-Hak disse ter registrado no País o valor total da operação, como manda a lei, mas foi desmentido pelo Banco Central. O ex-presidente santista também revelou aos senadores que seu carro estava a serviço do clube quando "bateu num buraco e teve de ser consertado alguma coisa". As notas de serviço, de acordo com o relatório da CPI, mostram que o Santos bancou mesmo foi a revisão do Mercedes em várias ocasiões. O relator da comissão ainda denuncia a omissão na contabilidade do Santos da compra, em 1997, do jogador Caio, da Inter de Milão, da Itália. As apurações revelaram que ao valor de US$ 2,5 milhões, que deveria ter sido pago pelo patrocinador Unicor, foram acrescidos mais US$ 1 milhão. A operação não teria sido registrada até o término do mandato de Samir Abdul-Hak. A conclusão da CPI é que a ausência de registro se deve a desvios praticados pela diretoria do clube, "que certamente agiu sem a menor preocupação quanto às possíveis conseqüências, na certeza da impunidade". O senador Geraldo Althoff informa no parecer que as investigações da CPI tiveram por base uma auditoria promovida pelo atual presidente do Santos, Marcelo Teixeira, que substituiu Samir Abdul-Hak em dezembro de 1999. O aprofundamento das apurações, informou o relator da comissão, permitiu identificar cerca de 20 fraudes. Estão nesta lista a não contabilização de 13 operações de compra e venda de jogadores, pagamentos suspeitos aos empresários Juan Figer e Invany Targino de Melo, depósito de cheques do clube na conta de terceiros e desvio de recursos da Tesouraria. Além do Ministério Público, a comissão também pede providências ao próprio Santos, à Receita Federal, Banco do Brasil, Banco Central e Federação Paulista de Futebol. O relator lembra que a CPI deu a Samir Abdul-Hak a oportunidade de tentar comprovar sua isenção nos crimes e irregularidades apuradas, mas ele se recusou até mesmo a contribuir com informações para ajudar nos trabalhos.

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