A CPI do Futebol vai pedir ao Ministério Publico que indicie o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e de 17 ex e atuais dirigentes de clubes e federações. Os motivos que poderão levar cada um deles a ser enquadrado judicialmente serão conhecidos nesta terça-feira, às 10 horas, com a apresentação do relatório final da comissão. Em 1600 páginas, o relator Geraldo Althoff (PFL-SC) mostra o que foi apurado em 13 meses, com a ajuda da Polícia Federal, Banco Central e Receita Federal. Grande parte dos documentos investigados já estão em poder desses órgãos, para que eles possam responsabilizar os responsáveis por sonegação e evasão de divisas, antes mesmo de serem acionados pelos procuradores. O relatório está dividido em quatro partes, uma das quais trata apenas de ilícitos que teriam sido cometidos pela CBF e seus dirigentes. O presidente da CPI, Álvaro Dias (PDT-PR), lembra que as apurações se concentraram em operações suspeitas relacionadas à compra e venda de jogadores, "sumiço" de dinheiro dos clubes, irregularidade nos contratos com patrocinadores e ao enriquecimentos de dirigentes. Contra o presidente do Vasco da Gama, deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), a comissão descobriu ainda que ele desviou dinheiro do clube para financiar sua campanha, em 1998. O deputado é também denunciado por falsidade ideológica, apropriação indébita e pela prática de crimes contra a ordem tributária e financeira. Goleada - Álvaro Dias e Geraldo Althoff acreditam que a maioria dos integrantes da CPI vai aprovar o relatório, provavelmente na quinta-feira. Mais otimista, o senador Antero de Barros (PSDB-MT) prevê que a aprovação do documento se dará por ampla vantagem, com o apoio de 10 dos 13 membros da comissão. Os dois votos contrários seriam dos senadores Gilvam Borges (AP) e João Alberto (MA), já que o presidente só vota em caso de empate. Gilvan Borges contesta as previsões. Ele assegura que seus colegas do PMDB votarão contra o relatório, se o resultado das investigações tiver "um tom acusatório". Ele anuncia, ainda, que vai pedir vistas pelo prazo de cinco dias, o que adiaria a votação para a semana que vem. Gilvan antecipa que pretende utilizar o prazo para preparar um relatório alternativo, bem mais ameno, em que seriam apontados apenas questões "técnicas" levantadas pelas apurações. O relator assegura as conclusões da CPI são "duras e contundentes", apesar da tentativa de antigos e atuais presidentes de clubes e federações de recorrerem a liminares do Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a quebra do sigilo bancário e fiscal. Os dirigentes mais atuantes na tentativa de boicote são os dos Botafogo,Vasco, Flamengo, Palmeiras e Santos. Althoff espera receber, nos próximos dias, da Polícia Federal, a conclusão de uma investigação para apurar tentativa de suborno. O caso foi aberto no início da semana passada, após ele ter sido procurado por um suposto enviado da CBF que oferecia dinheiro em troca de abrandamento das denúncias.