A seleção brasileira finalmente está voltando a ter um camisa nove confiável. A atuação de Gabriel Jesus na quinta-feira contra o Equador, no jogo em que estreou na equipe principal participando dos três gols na vitória por 3 a 0 (fez dois), deixou empolgada gente que entende do ofício de fazer gols: Careca, Roberto Dinamite e Jairzinho acreditam que o garoto de 19 anos tem tudo para se tornar um dos grandes da posição.
Camisa nove do Brasil nas Copas de 1986 e 1990, Careca considera que Gabriel Jesus representa o resgate da época em que os centroavantes faziam a diferença a favor da seleção. “É só o início. Mas o menino é bom. Eu sempre achei ele, de todos, o mais diferenciado, com característica de centroavante, número nove”, disse ao Estado.
Sem a intenção de fazer comparações, Careca, autor de 29 gols em 63 jogos pela seleção, percebe em Gabriel Jesus traços de um outro atacante que marcou época com a camisa da seleção. “Eu arriscaria dizer que ele tem uns passos do Ronaldo Fenômeno, a explosão, aquele jeito dele de quem não quer nada, mas na hora que precisa é bastante explosivo.”
Roberto Dinamite jogou por nove anos na seleção (de 1975 a 1984) e fez 20 gols. Centroavante tradicional, vê no atual artilheiro do Brasileiro um jogador de características diferentes da sua – tinha grande presença de área. Mas também aposta em Gabriel Jesus. “É por aí. Ele já mostrou um potencial muito grande e que pode evoluir.”
Dinamite pondera, no entanto, que, apesar de Gabriel ter atuado como homem de referência no ataque contra o Equador, o sentido coletivo da seleção contribuiu para seu sucesso. “Foi importante para que o Brasil chegasse à vitória e que ele fizesse os gols”, observou.
Furacão da Copa de 70, quando fez gols em todas as seis partidas, Jairzinho (vestiu a sete) vê em Gabriel Jesus o fim da carência do homem-gol na seleção. “O Gabriel sem dúvida já é um ponto positivo. Ele não se intimidou e deu a clareza de que de fato temos um homem de gol. Isso é muito bom, já que estamos com essa deficiência.”