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Credibilidade do Carioca em xeque

Por Agencia Estado
Atualização:

Partiu do técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, a senha para pôr em xeque a credibilidade do Campeonato Carioca. Irritado com os erros gritantes de arbitragem durante a primeira fase da competição - o Flu foi prejudicado em pelos menos três partidas -, Renato disse não ter nenhuma dúvida de que havia "armação". O treinador não é voz isolada na denúncia de corrupção no futebol do Rio. Mas, ao contrário de outros, continua em evidência. O candidato à sucessão de Eduardo Viana na Federação de Futebol do Rio, Paulo de Almeida, afirmou à Agência Estado pouco depois da manifestação de Renato que alguns resultados do campeonato eram ?fabricados?. Citou dois dias antes do jogo Madureira x Volta Redonda, que definiria o clube rebaixado à segunda divisão. Disse na oportunidade ter certeza da vitória do Madureira. "Já está tudo arranjado. Na Federação só se fala nisso." O Volta Redonda perdeu e houve confusão no final da partida, com o protesto de seus dirigentes. Por sua disposição de denunciar fatos estranhos no Carioca, Paulo Almeida tem sofrido derrotas acachapantes em assembléias na Federação, como representante do São Cristovão. Não é a única vítima. Zico, ferrenho adversário de Eduardo Viana, criou o CFZ em 1996. A intenção era a de alçar o clube à primeira divisão do futebol carioca e criar um mercado direto de transação de atletas com o Japão, onde é muito respeitado. Tal deferência o levou a receber convite para ser o técnico da seleção do país, cargo que ocupa desde o final de 2002. O CFZ subiu da terceira para a segunda Divisão. Depois, disputou cinco finais e não alcançou o grupo de elite nenhuma vez. Zico se disse roubado e envergonhado com as arbitragens em pelo menos três dessas oportunidades. Por fim, desistiu da disputa e acabou com a equipe profissional do CFZ no Rio. O caso mais emblemático ocorreu com o técnico Paulo Matta. Em 12 de março de 1997, em Itaperuna, no norte fluminense, ele comandava o time da casa em jogo com o Vasco. E fazia bonito. Mas aí surgiram dois gols esquisitos e a equipe visitante acabaria por vencer por 3 a 2. Inconformado com o que vira e com a informação recebida antes do jogo de um diretor do clube, de que a partida já estava resolvida havia dias na Federação, Paulo Matta abaixou parcialmente as calças, no meio do campo, de costas para as cabines de TV. O gesto ganhou repercussão e Matta, desde então, jamais conseguiu emprego para trabalhar novamente como técnico. Seu currículo de campeão nacional pelo Thaí, da Arábia Saudita, no final dos anos 80, e de passagens vitoriosas pelo Sudão, em 1994, e como treinador da seleção da Tailândia, no mesmo ano, sofria uma brusca ruptura. "Briguei com gente grande. Não me arrependo. Vale a minha honra, minha integridade moral." Hoje, Matta toma conta de dois campinhos de futebol na Barra da Tijuca. Vive modestamente num pequeno apartamento em Copacabana e imagina, com certa emoção, poder um dia voltar a fazer o que mais gosta. Normal - Eduardo Viana desconsiderou as acusações. Disse que "todo campeonato tem isso", referindo-se a denúncias de irregularidades. Sobre a declaração de Renato Gaúcho, comentou: "Ele gosta de se escudar de possíveis fracassos dessa forma." Foi mais ríspido com Paulo de Almeida. "Não tem responsabilidade no que fala." Quanto à história de outros personagens da reportagem, deu resposta evasiva. "Não faz o menor sentido o que dizem." O dirigente confirmou que é candidato à reeleição na Federação, em outubro. Se ganhar, vai para o sétimo mandato consecutivo. Ele preside a entidade desde 1985.

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