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Crise na Lazio atrasa salário de César

Por Agencia Estado
Atualização:

Há dois anos, o lateral-esquerdo César surgia como uma das grandes revelações do futebol brasileiro. No até então modesto e pouco conhecido São Caetano, o jogador ajudou o time a chegar à final do Campeonato Nacional. O sucesso rendeu-lhe, no ano passado, transferência para a poderosa Lazio, da Itália. Hoje, vive situação curiosa. Está sentindo, no bolso, na Europa, o que nunca havia experimentado no "pequeno" time do ABC: salários atrasados. A Lazio estava devendo quatro meses a seus jogadores e nesta quinta-feira depositou o valor equivalente a dois meses. Faltam mais dois para quitar a dívida. "Foi muito estranho para mim, nunca tinha passado por essa situação", disse à Agência Estado, por telefone, de Vigo di Fassa, onde a equipe faz pré-temporada. "Fiquei preocupado, porque não entendia o que estava acontecendo, o São Caetano nunca atrasou salários." César fez questão de dizer, porém, que em nenhum momento passou por dificuldades. O clube italiano sempre deu a estrutura necessária para que pudesse trabalhar. Arca, por exemplo, com as despesas de moradia. O brasileiro vive num luxuoso condomínio em Roma. "Costumo mandar boa parte do meu salário para a minha família, no Brasil, o que não pude fazer nos últimos meses", contou. "Mas, como o salário é bom, o dinheiro que mando é suficiente para vários meses, então nunca tivemos problema." Como o filho, César Henrique, de 7 anos, teve problemas de adaptação, acabou retornando ao País acompanhado da mãe, Denise. Sempre que podem, porém, visitam o parente famoso. A Lazio, campeã nacional na temporada 1999-2000, teve prejuízo com o fraco desempenho no último ano. Como costuma ocorrer no Brasil, sobrou para o técnico. Alberto Zaccheroni foi substituído por Roberto Mancini. O clube romano é, contudo, apenas um dos inúmeros clubes italianos com dívidas, numa das piores crises econômicas por que passa o calcio no país. O goleiro brasileiro Taffarel teve, por exemplo, de aceitar redução em seu salário no Parma. Na última temporada, foi um dos destaques da equipe na conquista da Copa da Itália, diante da Juventus, na final. Na semana passada, Vieri, Recoba e Ronaldo, todos da Internazionale de Milão, se propuseram a diminuir o valor de seus vencimentos. A dívida dos clubes italianos que participaram da Série A na última temporada chega a US$ 700 milhões. Isso ocorre porque os dirigentes começaram a oferecer salários excessivamente elevados pelo que os cofres poderiam suportar. Em 1998, a soma dos salários na Itália alcançava R$ 1,2 bilhão. Neste ano, chega a R$ 2,5 bilhões. O último campeonato, que terminou com o título da Juventus, foi deficitário para as agremiações, que perderam cerca de US$ 130 milhões no total.

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