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Cristiano Ronaldo na Juventus tem sucesso fora de campo e frustração dentro dele

Astro português faz o faturamento do clube italiano disparar com o marketing, mas ainda falta obter grandes resultados nos jogos

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Por Mateus Silva Alves
Atualização:

Em julho do ano passado, a Juventus chocou o mundo do futebol ao anunciar a contratação de Cristiano Ronaldo. O português decidiu encerrar uma longa relação com o Real Madrid por causa do relacionamento ruim com o presidente Florentino Pérez. E a Velha Senhora tinha dois objetivos muito claros quando resolveu levar para a Itália a superestrela portuguesa: ganhar tudo em campo e subir de patamar fora dele. A primeira dessas metas, para frustração dos torcedores da Juve, não se concretizou. A segunda, por outro lado, foi alcançada com sobras.

Não é possível pensar em Cristiano Ronaldo apenas como alguém que faz muitos gols - recentemente ele chegou à marca de 700 gols -  e ajuda seu time a ganhar campeonatos. A versão mais recente de uma pesquisa anual feita pelo canal esportivo americano ESPN apontou o atacante como o atleta mais famoso do mundo, à frente de astros como LeBron James, Roger Federer e seu arquirrival Lionel Messi. Sendo assim, qualquer clube que contratar o português vai automaticamente dar um salto em seus ganhos com marketing, e é evidente que isso já está acontecendo com a Juventus.

Cristiano Ronaldo brilha no marketing, mas não repete o desempenho em campo Foto: Massimo Pinca/ Reuters

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Por causa de Cristiano, a tradicional agremiação de Turim entrou para o seleto grupo dos clubes que mais vendem camisas no mundo. É uma grande façanha para o futebol italiano, já que os times do país têm um potencial de marketing muito menor do que os gigantes da Inglaterra, da Espanha e da Alemanha. Foram vendidas 1,315 milhão de camisas alvinegras na temporada 2018/2019, sendo um milhão delas com o número sete e o nome Ronaldo às costas.

"Cristiano Ronaldo é um jogador único porque ele oferece duas possibilidades: ao mesmo tempo em que é decisivo em campo, comercialmente ele tem um potencial inigualável. Nenhum jogador no futebol mundial é capaz de mudar um clube dentro e fora de campo como ele", opina Luca Bianchin, jornalista do jornal La Gazzetta dello Sport que cobre diariamente a Juventus.

Graças ao fator Ronaldo, a Juve teve na temporada passada uma receita total 23% superior à da anterior, mas há um porém: o prejuízo do clube cresceu de 19,2 milhões de euros (R$ 88,5 milhões, em valores atuais) para 39 milhões (R$ 175 milhões), de acordo com o balanço divulgado recentemente pelo clube. Isso ocorreu porque a Velha Senhora ainda não conseguiu cobrir os custos da contratação do português – foram 100 milhões de euros (R$ 461 milhões) pagos ao Real Madrid, fora os salários e outros encargos. Mas os dirigentes italianos confiam que esse cenário vai mudar até 2022, quando se encerrará o contrato de Cristiano.

Gols e frustração

Dentro das quatro linhas, o desempenho do jogador em sua primeira temporada na Itália foi bom, mas bom é um adjetivo muito modesto para alguém como Cristiano Ronaldo. A torcida da Juve esperava uma performance supersônica, e não foi bem isso o que ocorreu.

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O português deixou para a história uma atuação monumental no jogo de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa contra o Atlético de Madri. Depois de perder por 2 a 0 na ida, a Juventus precisava de uma vitória por três gols de diferença e Cristiano marcou todos os tentos do triunfo por 3 a 0 em Turim.

De resto, os números mostram que a temporada do português foi inferior às que ele se acostumou a cumprir no Real Madrid. O atacante foi o quarto colocado na lista de artilheiros do Campeonato Italiano, com 21 gols, e anotou apenas seis na Liga dos Campeões, a metade de Messi, o goleador do torneio – Cristiano havia sido o principal marcador nas seis edições anteriores, nunca anotando menos de dez gols em cada uma delas.

Mais do que isso, ficou no ar a enorme decepção causada pela surpreendente derrota para o Ajax, em casa, nas quartas de final da competição europeia. Desejando muito ver o clube ganhar a Liga dos Campeões pela terceira vez (as duas conquistas da Juve ocorreram em 1985 e 1996), a torcida do time de Turim imaginava que a chegada de Cristiano seria uma espécie de passaporte automático para a festa do título, mas levou um choque de realidade com a derrota por 2 a 1 sofrida no embate com a jovem equipe holandesa.

Agora, em sua segunda temporada na Juve, Cristiano Ronaldo já sabe que ganhar a Liga dos Campeões é muito mais uma obsessão do que um objetivo para o clube. E que, para os apaixonados torcedores alvinegros, nem dez milhões de camisas vendidas vão compensar a frustração que se abaterá sobre eles se a cobiçada taça mais uma vez ficar longe de Turim.

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