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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Cristiano Ronaldo tem muito mais carisma do que Messi e Neymar

Português desperta muito mais interesse das pessoas comuns que seus rivais mais próximos

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Atualização:

Cristiano Ronaldo é o jogador que mais chama a atenção no mundo, e isso nada tem a ver com o tamanho de suas redes sociais ou o peso dos seus patrocinadores. Tem a ver com o interesse do torcedor. Ele faz o que Messi e Neymar não conseguem fazer em seus respectivos times e seleções. Tem mais carisma dos que os dois juntos. E, ao que se sabe, aproveitou a vida sem freio até se casar e ter os filhos.

Seu talento é proporcional à sua fama. Isso ficou escancarado nessa Eurocopa (ele deu adeus ontem diante da Bélgica, mas antes bateu recordes, como o maior artilheiro da disputa de todos os tempos, com 14 gols, deixando Platini para trás) e Copa América, quando os amantes do futebol puderam ver os três em ação.

Cristiano Ronaldo durante jogo no qual Portugal foi eliminado pela Bélgica da Eurocopa Foto: Alexander Hassenstein / Reuters

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Não se faz aqui uma discussão do talento desses jogadores, todos excepcionais, e de outros mais das competições da Europa e da América do Sul. O foco é o interesse que o atacante português desperta nas pessoas comuns.

Cristiano Ronaldo é irresistível em campo. Não há indiferença quando ele está jogando. Até o jeito único de comemorar seus gols, e são muitos, é imitado por garotos do mundo inteiro. Quando menino, nas peladas de futebol, os grandes jogadores eram lembrados quando alguma boa jogada acontecia naquele futebol de rua. Atualmente, não tenho dúvidas de que esse cara reverenciado é o atacante português, que não dá sinais de desgaste com seu trabalho aos 36 anos, tampouco de baixo rendimento físico nas partidas.

Aliás, CR7 gosta de exibir ser corpo de atleta, de modo que suas arrancadas do meio de campo em direção ao gol são frequentes em todos os jogos.

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Se em campo Cristiano Ronaldo é incontestável, fora dele ele consegue passar uma imagem de cara de família, enamorado da mulher e pai presente. Tem carisma de sobra para deixar Messi e Neymar, dois outros gigantes, a ver navio nesse quesito. Nos últimos dez anos, o jogador argentino sempre se rivalizou com CR7 na conquista do prêmio de melhor do mundo da Fifa. Messi mostra talento de sobra no Barcelona, com quem discute seu contrato, mas com menos sorte na seleção. A própria Argentina cobra o Messi do time catalão na equipe nacional, o que nunca aconteceu. Daí muitos ficarem com Maradona como a maior estrela que o país já teve. É uma discussão boa, que pode vir a ser tema para outra coluna.

Fora de campo, Messi é na dele. Pai de família igual a Cristiano, mas com menos aparições nas redes e menos badalação, embora ambos sejam profissionais ao extremo em suas atividades. Mas como no mundo atual se mostrar tem muito valor e os astros vivem disso em todos os segmentos da sociedade, CR7 entendeu melhor essa transformação do que Messi e tira proveito disso há anos em suas contas.

No caso e Neymar, o jogador brasileiro se rivaliza nas redes com CR7, talvez com vantagem, até por ser mais novo, de algumas gerações abaixo. Também já mostrou talento suficiente para ser cobrado. É, por exemplo, muito mais inventivo do que CR7 e está mais para a prateleira dos gênios do que dos atletas excepcionais. Mesmo assim, seu carisma lembra uma montanha russa, assim como o amor de seus fãs.

Há um abismo nos sentimentos provocados por esses três. Messi nos faz sorrir pelas jogadas e inteligência, mas sua frieza e pouca inspiração na seleção nos leva à dúvida e nos faz sempre esperar mais. Neymar afasta seus seguidores a cada passo em falso. O conservadorismo do futebol o torna um jogador amado e odiado na mesma medida. Suas jogadas não são mais tão aplaudidas como antes e seu carisma gira mais em torno dos amigos. CR7 consegue ser eficiente, apaixonado pela seleção como no primeiro dia e carismático a cada gol declarado. Difícil de explicar os sentimentos que eles geram e que podem mudar de torcedor para torcedor. Tomara os três se encontrem na Copa do Catar. 

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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