PUBLICIDADE

Publicidade

Cristiano Ronaldo valoriza a Juventus e o futebol italiano

Contratação do atacante faz ações do clube dispararem na Bolsa de Milão e expectativa é de ‘boom’ nas receitas

Por Matheus Lara e Vinícius Saponara
Atualização:

Não é só pelo que ele faz dentro de campo (como se fosse pouco). Nem apenas pelos títulos internacionais. A contratação de Cristiano Ronaldo pela Juventus, que pagou a multa rescisória de 100 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões) para tirar o astro do Real Madrid, é também uma aposta do clube no que um atleta diferenciado como seu novo camisa 7 pode trazer de benefícios fora dos gramados. E os primeiros resultados não poderiam despertar mais otimismo.

Zidane pode voltar à Juventus para nova parceria com Cristiano Ronaldo

No dia em que a contratação foi anunciada, o valor das ações da Juventus na Bolsa de Milão disparou 50% após oscilar em 5% no último ano. Mesmo quando a negociação ainda era vista apenas como um rumor, houve valorização de quase 30%.

Cristiano Ronaldo, novo jogador da Juventus Foto: Alessandro Di Marco/EFE

PUBLICIDADE

A expectativa é de um boom nas receitas do clube italiano, há uma década o 10.º colocado na lista dos mais ricos do futebol mundial, de acordo com a consultoria Delloite. O crescimento estimado com a chegada do craque na equipe é de pelo menos 30% em um ano. Em 2017, o clube registrou receita de quase 406 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão). 

Para o especialista em marketing esportivo Fábio Wolff, sócio-diretor da agência Wolff Sports, a Juventus será beneficiada de diversas formas. “A contratação vai fazer o clube melhorar sua receita com público, patrocínio, eventos, licenciamento e contratos com a televisão”, prevê. “A disparada das ações nada mais é do que o mercado financeiro demonstrando que vê com bons olhos a contratação do atleta pelo clube.”

A chegada de Cristiano Ronaldo em Turim também representa uma possibilidade de o futebol italiano se reerguer. Badalada nos anos 1980 e 90, a liga nacional perdeu prestígio, audiência e interesse do mercado internacional nas últimas décadas. Neste ano, um duro golpe aos torcedores do país, que viram sua seleção nacional ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez em 60 anos. 

Para especialistas, Cristiano Ronaldo é peça-chave na tentativa de retomada. “É um grande momento para a liga italiana. Uma chance de crescer”, analisa o pesquisador Fernando Fleury, sócio da agência de monitoramento do mercado esportivo Armatore e PhD na área pela USP. “O Campeonato Italiano perdeu status e o Cristiano Ronaldo é um chamariz para recuperar o prestígio. É uma estrela de ponta que pode levantar todo um torneio.”

Publicidade

O principal indicativo desta valorização – que se traduz em lucro para os clubes –, é na transmissão do torneio pela televisão. A Lega Calcio, que organiza o Campeonato Italiano, vendeu no início deste ano seus direitos por ¤ 3,15 bilhões (R$ 14,2 bilhões) pelo triênio 2019-2022 para a MediaPro, da Espanha. A RAI, da Itália, acertou a renovação da transmissão de TV da Copa da Itália pelos próximos três anos por 106 milhões de euros (R$ 478 milhões). Como as negociações foram concluídas antes da contratação de CR7, o impacto no valor da venda dos direitos de transmissão só será sentido após o período de duração dos atuais acordos.

No Brasil, os jogos do Campeonato Italiano são mostrados por duas emissoras – Fox Sports e ESPN –, que revezam as partidas da Juventus a cada rodada. “A presença de uma grande estrela faz com que as pessoas queiram acompanhar e ver os jogos”, diz Fleury. “No Brasil, são poucas emissoras interessadas no futebol italiano. Isso vai mudar.”

“A liga francesa cresceu muito com a chegada de Neymar no PSG e tende a se valorizar mais pelo título da seleção na Copa e o destaque de Mbappé (também do PSG)”, lembra Wolff. “Quanto mais astros, mais valorizados os direitos. O Brasileirão, se conseguíssemos segurar alguns bons nomes que hoje estão na Europa, seria mais valorizado em todos os sentidos.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.