Dez minutos de pane e a falta de qualidade técnica de alguns jogadores fizeram com que a clara evolução tática do Palmeiras não fosse o suficiente para derrotar o Cruzeiro por 2 a 1, no Pacaembu. Já são cinco jogos consecutivos sem um resultado positivo, mas fica o alento da equipe ter mostrado que o trabalho de Ricardo Gareca começa a aparecer.
Inevitável não lembrar de Brasil x Alemanha no começo da partida. Em dez minutos, o Cruzeiro fez dois gols e obrigou o goleiro Fábio a fazer duas defesas. A impressão é que o time mineiro entrou ligado nos 220 volts e o Alviverde nem sequer havia pisado no gramado.
Irritado com a postura da equipe na derrota para o Santos por 2 a 0, Gareca mexeu drasticamente no time. No total, foram cinco caras novas e o time no 4-3-3. No meio, Eguren entrou para fechar mais a defesa, já imaginando a pressão que estaria por vir.
O problema é que Gareca pode até ser um bom treinador, mas não é milagreiro. O elenco alviverde é tem muitas limitações técnica e isso já ficou claro algumas vezes. Com a bola rolando diante do líder do campeonato, a deficiência ficou ainda mais evidente.
Com toques rápidos e envolventes, o Cruzeiro pressionou, principalmente pelo lado esquerdo com Marquinhos. Foi de seus pés que saiu o lance do primeiro gol, aos sete minutos. Ele recebeu lançamento, ganhou no jogo de corpo de William Matheus, na velocidade deixou Tobio para trás, e cruzou para Ricardo Goulart chutar em cima de Fábio, que tentou defender, mas se atrapalhou com a bola e levou o gol.
Três minutos depois, Marquinhos cobrou falta e Manoel, sozinho, não teve dificuldade para desviar de cabeça. Estava muito fácil. Os dois gols parece que serviram para fazer o Palmeiras "entrar em campo".
FALTA TÉCNICA
O time resolveu colocar a bola no chão e tentar chegar ao ataque. Apesar do nervosismo na finalização e, consequentemente, muitos passes e chutes errados, o Palmeiras começou pela primeira vez desde a chegada de Gareca a ter uma cara de time. Não se via jogadores dando “chutão” para o campo de ataque.
A substituição de Eguren (machucado) por Felipe Menezes fez bem ao time, que passou a ter dois meias cadenciando o jogo e atacantes velocistas abrindo a defesa pelas pontas.
Na volta para a etapa final, os palmeirenses perceberam que era necessário mostrar pelo menos vontade caso realmente quisessem reverter a situação. E foi o que aconteceu. O time voltou em cima, anulou os atacantes mineiros e foi coroado. Aos 8, Felipe Menezes cobrou falta e o argentino Tobio desviou para marcar o primeiro gol com a camisa alviverde e dar esperança aos torcedores.
Gareca percebeu o crescimento da equipe e resolveu promover a entrada de Mouche, que quase marcou um golaço. O Cruzeiro, assustado, se fechou, enquanto o Palmeiras deixava o jogo, que parecia perdido, totalmente aberto e mostrando consciência tática. O desespero deu lugar a organização e o empate só não aconteceu porque vontade não foi o suficiente. Faltava um pouco de técnica, algo difícil de se ver no Palmeiras.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 1 x 2 CRUZEIRO
PALMEIRAS - Fábio; Wendel, Tobio, Lúcio e William Matheus; Renato, Eguren (Felipe Menezes) e Mendieta (Erik); Leandro (Mouche), Diogo e Henrique. Técnico: Ricardo Gareca.
CRUZEIRO - Fábio; Ceará, Manoel, Léo e Egídio (Samudio); Lucas Silva (William Farias), Henrique, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart; Marquinhos (Tinga) e Marcelo Moreno. Técnico - Marcelo Oliveira.
GOLS - Ricardo Goulart, aos sete, e Manoel, aos dez minutos do primeiro tempo; Tobio, aos oito minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Mendieta, Henrique e Lúcio (Palmeiras); Lucas Silva, Henrique, Egídio, Fábio e William Farias (Cruzeiro).
ÁRBITRO - Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO).
PÚBLICO - 14.970 pagantes (16.715 presentes).
RENDA - R$ 627.637,50.
LOCAL - Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP).