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Depoimento de vascaíno irrita relator

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Por Agencia Estado
Atualização:

O depoimento do vice-presidente de finanças do Vasco, Mário Cupello, nesta terça-feira na CPI do Futebol, no Senado, irritou o relator Geraldo Althoff. "A minha vontade era levá-lo preso daqui. Só não faço isso em respeito à sua idade e à sua saúde", disse Althoff (PFL-SC), ao final do depoimento de Cupello, de 66 anos. O dirigente não explicou por que recursos do clube foram empregados para financiar a campanha do deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) em 1998, pagar despesas do cartola vascaíno e financiar empresas de familiares de Eurico. Além disso, R$ 12 milhões foram enviados a paraísos fiscais, apesar de Cupello garantir que o Vasco não possui contas no exterior. Todos os recursos saíram da conta de Aremithas José de Lima, funcionário do Vasco suspeito de ser um "laranja" de Eurico. Entre 1995 e 2000, foram movimentados cerca de R$ 13 milhões, mas Cupello só recorda-se de R$ 2 milhões. "A minha vontade era levá-lo preso daqui. Só não faço isso em respeito à sua idade e à sua saúde", irritou-se o relator Geraldo Althoff (PFL-SC), ao final do depoimento de Cupello, de 66 anos. A versão do clube é de que a conta de Aremithas foi aberta porque as do clube estavam bloqueadas pela Justiça, pelo não pagamento da indenização à família do jogador Dener, morto em um acidente de carro em 1994. E que seria utilizada apenas para pagar despesas do Vasco. A CPI desmente essa justificativa. Em primeiro lugar, a conta de Aremithas foi aberta em 1995, dois anos antes do bloqueio das contas do Vasco. "Ela foi suprida com recursos do clube e irrigou outras contas particulares", completou o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR). Segundo levantamentos da CPI, uma intensa movimentação financeira foi detectada nos meses anteriores às eleições de 1998, com um aporte considerável de recursos na campanha de Eurico Miranda a deputado federal. Além disso, os gastos de campanha declarados ao Tribunal Superior Eleitoral foram de R$ 98,6 mil, mas a CPI descobriu que outros R$ 591,6 mil entraram na caixa e não foram declarados. "Não foram declarados porque são frutos de desvios da contabilidade do Vasco", afirmou Althoff. Se a campanha de Eurico foi financiada pelo Vasco, uma parte de sua vida pessoal e de integrantes de sua família também. A CPI constatou cheques no valor de R$ 435 mil, vindos da conta de Aremithas, utilizados no pagamento de mensalidades do Clube Ginástico Português, de faturas de cartão de crédito e até mesmo na compra de dois carros em 1998. Todos os cheques foram preenchidos na tesouraria do clube, assinados por Mário Cupello e pelo então presidente do Vasco, Antônio Soares Calçada. Da mesma conta também partiram recursos para financiar empresas de familiares de Eurico, como a Same Empreendimentos Imobiliários, a Eletrojet e a Quintas do Portal importadora de vinhos. Os senadores detectaram ainda repasses de R$ 2 milhões para a empresa de factoring Condor Facto, investigada por suspeitas de lavagem de dinheiro. A empresa Brazilian Soccer, cuja atividade-fim é desconhecida pelo vice de finanças do Vasco, teria recebido, entre setembro de 99 e dezembro de 2000, R$ 5 milhões - R$ 4,9 milhões vindo do Vasco e o restante de Aremithas, enquanto a Exportec Consultoria em ciência do esporte, teria sido beneficiada com R$ 2,8 milhões entre maio e dezembro de 2000.

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