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Depois de 13 anos, ex-presidente da Gaviões é julgado pela morte de palmeirense

Torcedor acusado de matar rival em 2005, horas antes de clássico, vai para o banco dos réus

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Por Pedro Pannunzio
Atualização:

Depois de uma espera de quase 13 anos, Rodrigo de Azevedo Fonseca, o Diguinho, ex-presidente da torcida Gaviões da Fiel, ligada ao Corinthians, será julgado pelo assassinato de um palmeirense em 2005. A audiência vai ocorrer nesta quarta-feira no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, e poderá ser estendida até sexta-feira. A vítima, Diogo Lima Borges, conhecido como Munhoz, era membro da Mancha Alviverde. Morreu aos 23 anos no dia 16 de outubro daquele ano, após confronto entre as torcidas na Estação Tatuapé do Metrô, zona leste da capital paulista.

O julgamento já foi adiado duas vezes. Em 2014, por falta de testemunhas. E, mais recentemente, em março, quando a defesa alegou que precisava de mais tempo para analisar novas provas anexadas pelo Ministério Público de São Paulo. Se for condenado, Diguinho pode pegar até 20 anos de cadeia, mas isso não dá para prever. Ele responde ao processo em liberdade.

Diguinho, ex-Gaviões da Fiel Foto: Reprodução/YouTube/Gaviões da Fiel

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A expectativa da família da vítima é de que o caso tenha um desfecho desta vez. “Agora, o que a gente espera é que aconteça o julgamento”, disse Damarys Borges, irmã de Diogo. “Acho que é justo ele ser condenado. Nada mais justo do que quem matou ser preso”, disse.

A briga entre as torcidas ocorreu três horas antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians, pelo Brasileiro de 2005. Um grupo de aproximadamente 50 palmeirenses se dirigia ao Morumbi, onde o jogo foi disputado. A turma estava em trem da CPTM. Quando os torcedores desceram na estação Tatuapé, encontraram cerca de 100 corintianos. A briga começou ali. Na época, 54 pessoas foram detidas pela PM por agressões com barras de ferro, paus e pedras. Todas foram liberadas depois.

“Houve um confronto, com tiros, pedradas e pauladas”, disse ao Estado à época o coronel Luís Serpa, que era responsável pelo policiamento naquele dia. Um desses tiros – 20, ao todo, segundo testemunhas – acertou Diogo Borges nas costas.

Marcos Borges, pai do palmeirense morto, é membro da torcida organizada do time até hoje. Estava com o filho no dia da briga, mas se separaram durante o tumulto. Ele conta que, após a confusão, ligou para o filho. Um amigo atendeu dizendo que o Diogo havia sido baleado. “Quando cheguei ao hospital, me falaram que ele tinha levado um tiro na barriga. Aí eu fiquei mais assustado.” Diogo passou por cirurgia no Hospital Municipal de Taubaté, mas não resistiu aos ferimentos.

Mesmo após tantos anos, o motivo do encontro das torcidas naquela estação ainda não está claro. A família de Diogo garante que os palmeirenses foram vítimas de uma emboscada. “Os corintianos estavam esperando os palmeirenses desde a manhã”, diz Damarys. De acordo com ela, os integrantes da Mancha teriam optado por fazer a integração para o metrô no Tatuapé para evitar encontro com os corintianos no Brás.

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Davi Gebara, advogado do corintiano Diguinho, afirma que os palmeirenses teriam procurado a briga, pois a estação seria sabidamente um ponto de encontro de corintianos. “Quem procurou essa encrenca foram os palmeirenses. Por que pararam lá? Os corintianos estavam no local deles. Está nítido que eles pararam ali e eles tomaram a estação Tatuapé”, defende.

Diguinho é o principal suspeito de ter cometido o crime. Imagens do circuito de segurança mostram o momento em que um homem de camisa preta supostamente atira de cima para baixo. Um laudo, encomendado pela defesa, atesta que é Diguinho que aparece na imagem. “Tudo indica que foi o Rodrigo”, comenta a irmã da vítima. Em 2016, Diguinho chegou a ser espancado por torcedores do Palmeiras

Gebara diz que esse mesmo laudo atesta que a bala que atingiu Diogo teria saído de baixo para cima. A defesa trabalha com a hipótese de que o disparo tenha saído de um próprio integrante da Mancha. “Possivelmente foi um tiro amigo.” Sobre a imagem de Diguinho, o advogado afirma que “pouco me importa se é ele ou não. O que me importa é quem desferiu o tiro que matou a vítima”. O promotor do caso, Rubens Andrade Marconi, disse que não vai se manifestar até o fim do julgamento.

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