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Deputados brigam no depoimento de juiz

Durante o depoimento do juiz de futebol Paulo José Danelon, em Brasília, os deputados José Rocha (PFL-BA) e Sílvio Torres (PSDB-SP) trocaram ofensas, dedo em riste e quase chegaram à agressão física.

Por Agencia Estado
Atualização:

O que deveria ser uma simples audiência na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, acabou se transformando, nesta terça-feira, em palco de baixarias entre parlamentares que assistiam ao depoimento do árbitro de futebol Paulo José Danelon, afastado dos campos por envolvimento com a chamada Máfia do Apito. No momento mais tenso, os deputados José Rocha (PFL-BA) e Sílvio Torres (PSDB-SP), apesar de pertencerem ao mesmo bloco de oposição, trocaram ofensas, dedo em riste e quase chegaram à agressão física. Acusado por Rocha de querer transformar a audiência em palanque de CPI para aparecer, Torres devolveu com caneladas. ?Vossa excelência é um mau caráter, vendido e safado?. ?É a sua mãe. Vossa excelência não vale nada?, devolveu Rocha. A escassa platéia assistia estupefata a cada troca de ofensa e ninguém na mesa ou no plenário nada fez para impedir a elevação da temperatura, como se estivessem torcendo por um desfecho mais palpitante. O silêncio, enquanto os contendores se digladiavam, revelava também uma certa curiosidade geral em saber o que um tinha a dizer do outro. Até o árbitro, que chorava copiosamente sempre que queria pontuar seu arrependimento por ter recebido propina, enxugou as lágrimas e arregalou os olhos diante dos impropérios. ?Era um cenário surrealista: um juiz ladrão depondo aos prantos, deputados comportando-se como jogadores de várzea e uma platéia estupefata torcendo por sangue?, resumiu um dos presentes, que pediu para não se identificar. A briga começou quando Rocha, ligado ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pediu palavra de ordem para tentar interromper, de modo desrespeitoso, a inquirição que era feita por Torres ao árbitro. Ele insinuou que Torres, relator anos atrás da CPI da Nike, que denunciou Teixeira ao Ministério Público por várias irregularidades, estava querendo transformar a comissão num palanque de CPI. Tocou inclusive num ponto para machucar o adversário, lembrando que Torres era suplente nos dois mandatos que assumiu, inclusive o atual. A partir daí, deu-se o seguinte diálogo: Sílvio Torres - ?Eu entendo o seu medo de que as denúncias atinjam a CBF porque todos sabemos que vossa excelência venera o Ricardo Teixeira acima de Deus. Mas vossa excelência não tem autoridade nem moral e nem parlamentar para me censurar?. Rocha exige direito de resposta e devolve a canelada com uma entrada de sola. ?Eu não tenho vergonha de ser amigo do Dr. Ricardo Teixeira. O Sr. é que deve ter motivo de vergonha das suas más amizades. Eu tenho moral e caráter mais do que vossa excelência?. ?Tem nada, vossa excelência é um mau caráter, vendido e safado?, retrucou Torres. ?É a sua mãe. Vossa excelência não vale nada?, devolveu Rocha. Torres encerrou a discussão com a mesma pegada forte. ?Vá lá (na CBF) receber o seu cachezinho!?. Alcançado o auge da contenda, os dois, encarando-se olho no olho, dedo em riste, aguardaram que alguém os segurasse. Como isso não ocorreu, eles desanuaviaram, naturalmente, o ímpeto e a sessão prosseguiu. Por decisão do presidente da comissão, deputado Antônio Cambráia (PSDB-CE), as palavras ofensivas foram retiradas dos anais.

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