Diego Souza aliviado com volta ao time

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Por Agencia Estado
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Quando as coisas não dão certo, Diego Souza vai para casa e liga o videocassete. Pega uma fita na prateleira, aperta o play e se esparrama no sofá. "Fico vendo um jogo contra o Paysandu, de 2001. Faço isso sempre quando estou triste". Nas últimas duas semanas, ele perdeu as contas de quantas vezes assistiu àquela partida. "Foram muitas. Não sei explicar por que faço isso. Mas fico vendo e revendo aquele jogo. Ele representa muito para mim". Era uma semifinal de Copa dos Campeões. Se o Palmeiras vencesse, ficaria a um passo de conquistar uma vaga na Libertadores. Diego tinha 17 anos e foi escalado pelo então treinador Vanderlei Luxemburgo na lateral esquerda. Os dois jogadores da posição (Adalto e Rovílson) não vinham dando conta do recado, e Diego era tido como uma promessa. Em campo, porém, Diego cometeu uma série de bobagens. Assustado com as 50 mil pessoas que lotaram o Mangueirão, em Belém, o jogador foi uma avenida para os atacantes do Paysandu. No final, a derrota por 3 a 1 representou, além da desclassificação do Palmeiras, o primeiro grande baque na carreira de Diego - ele acabou sendo mandado de volta para os juniores. "Gosto de ver aquele jogo para ver as falhas que cometi. E também para pensar que sempre é possível dar a volta por cima", diz Diego. Foi por isso que ele voltou a pegar a fita daquele jogo na prateleira. Ela até já andava empoeirada. Mas, depois de ter sido afastado do elenco por indisciplina, há 15 dias, Diego não pensou duas vezes. "Passei um tempo muito difícil, uma experiência horrível. Aprendi tudo nessas últimas semanas. Tudo. Para começar, vi quem são meus verdadeiros amigos. E vi o quanto a minha família é importante. Foi da família que ganhei mais apoio para superar as dificuldades". Diego garante ser, agora, um novo homem. "Nunca mais vou fazer o que fiz". Ele se refere aos xingamentos ao então treinador Estevam Soares, que o manteve em campo por apenas sete minutos no jogo contra o União São João, em Araras, domingo retrasado. "Vou pensar duas vezes antes de abrir a boca. Falei muita besteira. E depois também ouvi muita besteira. Mas, tudo bem. Isso acontece, é normal". Redenção - Os dois gols na vitória de 4 a 1 sobre o Ituano, domingo último, significaram-lhe a redenção. Xingado e humilhado pela torcida nos jogos no Parque Antártica, Diego correu para o alambrado do Estádio de Itu para extravasar. "Tudo o que eu gostaria de falar, que estava entalado dentro de mim, eu falei ali, naquela comemoração". Era tanta coisa para desabafar que Diego exagerou no tempo com a torcida e acabou recebendo um cartão amarelo pela demora. "Levei até um puxão de orelha do Candinho", brinca o jogador. Do treinador, aliás, Diego também não se esqueceu. "Sou muito grato a ele, por ter confiado em mim", disse o meia. "Tive uma conversa de pai para filho com o Diego. Ele sentiu que, comigo, a flauta toca diferente. Tem muito talento, mas precisa de disciplina", emendou Candinho. Com relação a Estevam Soares, demitido logo após o incidente em Araras, Diego evita falar. O meia conta que ainda não conversou com o ex-treinador do Palmeiras, mas diz não se sentir o vitorioso na "queda-de-braço" que teve com ele e nem o responsável por sua demissão. "Dedico esses gols a mim, a minha família e a Deus. Não tenho que ficar polemizando com o Estevam". Diego sabe que, com a diretoria, ele tem moral. "Eles (dirigentes) sabem do meu potencial". Falta, então, reconquistar a torcida. A Mancha Alviverde já emitiu até um comunicado à imprensa avisando que "pegaria pesado" se visse algum jogador na balada. E Diego, como se sabe, é um dos que gostam de sair à noite. "Não vou mudar meus hábitos. Eu já não saio há um bom tempo, mas, se quiser sair, vou sair. Mas claro que farei isso com responsabilidade".

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