Passivo do São Paulo aumenta 19% em relação ao ano anterior

Clube fecha 2016 com um passivo total de R$ 493,9 milhões; documento é aprovado no Conselho

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Por Paulo Favero
Atualização:

O São Paulo divulgou seu balanço financeiro e nele consta um aumento do passivo total de curto e longo prazos. O passivo, que em 2015 era de R$ 415 milhões, alcançou R$ 493,9 milhões no fechamento do ano passado, segundo informou um conselheiro presente. Já os adiantamentos de contratos subiram de R$ 47 milhões para R$ 92 milhões de um ano para outro. O documento foi aprovado pelos conselheiros presentes por 145 votos a 1 na quinta-feira à noite, inclusive com votos da oposição, mas houve muito bate-boca após a aprovação. "A grande polêmica foi o aumento da dívida. No balanço se vê claramente a redução da dívida bancária, mas se olhar o passivo como um todo, somando todas as coisas, aumentou em cerca de 19%. Além de ter o aumento total, tem o problema de relação com a receita, que a gente chama de liquidez. O caixa caiu R$ 3,7 milhões de 2015 e 2016, ou seja, houve uma diminuição de recursos para se usar", explicou o conselheiro vitalício Edu Barros. Ele pertence à oposição, que decidiu antes mesmo da reunião que iria aprovar o balanço, mas que faria as críticas necessárias. "Sou do mercado de capitais, analiso balanços com frequência e fui um dos oradores com a seguinte postura: o balanço é o documento oficial de divulgação da situação financeira do clube. Quando se avalia em detalhes, o ponto crítico é a relação entre alongamento da dívida e disponibilização da receita futura", disse. Além do aumento do passivo, o balanço mostra que houve um aumento de um ano para outro no adiantamento de contratos, de R$ 47 milhões para R$ 92 milhões. "Isso mostra que trouxexam receitas do futuro para pagar a dívida hoje. Existe um descasamento entre a dívida de longo prazo com a receita a longo prazo. O São Paulo que a gente ama está muito doente. Temos que ter um choque de gestão", afirmou. Barros lamenta o fato de o São Paulo não construir origens recorrentes de receita. Para ele, o clube tem vivido de venda de jogadores e isso tira o ativo que poderia estar jogando e reforçando a equipe e o transforma em recurso de caixa. "Com isso o time perde. É um ciclo que nos leva para o buraco. Acho que a gestão deveria ter se estruturado pensando em como gerar receita sem ser com base na venda de atletas", comentou.

Morumbi, estádio do São Paulo Foto: Igor Amorim/Divulgação

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Recentemente, em entrevista ao

Estadão

, Adílson Alves Martins, diretor financeiro do São Paulo, citou que o passivo total era de R$ 493,9 milhões, mas lembrou que muitas vezes é preciso olhar para o que gera o passivo. "No ano passado, o São Paulo negociou o meia Ganso e ainda vai receber 2,5 milhões de euros (R$ 8,5 milhões) em junho e o mesmo valor em janeiro de 2018. Metade do valor é da DIS e já está lançado no passivo. Só posso pagar o empresário quando receber. Então, não se pode incluir esse valor na dívida", disse. 

Para ele, o São Paulo conseguiu mudar o perfil da dívida, diminuindo o curto prazo e aumentando o longo, pois assim o risco de não honrar os compromissos fica menor. "Quando assumi a gestão, em novembro de 2015, o clube vinha de dois anos com déficit orçamentário, o que é muito ruim. Conseguimos nesse ano ter um superávit de R$ 900 mil, sendo que antes era R$ 72 milhões negativos."

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