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Djalminha no mesmo caminho de Romário

Por Agencia Estado
Atualização:

Um craque está saindo de cena. De férias no Rio depois de uma curtíssima passagem pelo América do México, Djalminha se mostra pouco disposto a jogar futebol em 2005. Os dribles de cinema, os toques refinados e o estilo irreverente estão prestes a se tornar uma recordação. "A chance de eu encerrar a carreira é de 70%." Nesta entrevista, o meia que completará 34 anos dia 9 explica os motivos que devem levá-lo a pendurar a chuteira. Agência Estado - O que você vai fazer em 2005? Djalminha - Ainda não resolvi. Estou de férias no Rio e só vou decidir em janeiro. Mas existe uma boa possibilidade de eu não jogar mais. AE - Por quê? Djalminha - Fique oito anos longe do Brasil e decidi com minha família que era hora de voltar de vez. Mas jogar aqui é complicado, é muita desorganização, falta de estrutura... AE - As notícias sobre atrasos de pagamento pesam muito? Djalminha - Isso é só um detalhe a mais. Dá para contar nos dedos os clubes brasileiros que pagam em dia. Mas não é só isso. Aqui não têm planejamento para a temporada, vão fazendo as coisas de improviso e geralmente dá tudo errado. Não quero me expor nessas condições. AE - Há umas duas semanas correu a informação de que você poderia ir para o Cruzeiro. Djalminha - Isso é uma coisa que me chateou bastante. Eu estava na Espanha, resolvendo uns assuntos particulares em La Coruña, quando saiu a notícia de que o Cruzeiro tinha interesse em mim. Logo depois, um dirigente (Zezé Perrella) deu entrevista dizendo que isso não era verdade. Não sei quem foi que inventou isso, se foi alguém da imprensa ou de dentro do clube. Só sei que por isso já não tenho vontade de ir para esse clube. AE - Você recebeu alguma proposta desde que chegou ao Brasil? Djalminha - Recebi uma do Catar e uma da Arábia Saudita, mas não vou. Só jogo se for no Brasil e num clube que pague em dia, tenha estrutura e objetivos. E só vou aceitar conversar sobre isso em janeiro. Até lá não tem nem papo com ninguém. Para dizer a verdade, a chance de eu encerrar a carreira é de 70%. AE - Você sempre passou a imagem de ser um jogador que tinha prazer em jogar e em divertir o público, mas agora parece meio desiludido com o futebol. Por que a chama está se apagando? Djalminha - Não é questão de estar desiludido. Sempre soube que um dia minha carreira ia acabar e talvez tenha chegado a hora. Não tenho 100% de motivação para jogar. AE - Dizendo que não está 100% motivado para continuar você não teme afugentar clubes interessados? Djalminha - Sempre fui muito claro e verdadeiro e graças a Deus sempre houve grandes clubes interessados em mim. Se desta vez ninguém me procurar, não vou bater na porta de ninguém para me oferecer. Acho que se ninguém me procurar vai ser mais um sinal de que chegou a hora de parar (risos). Se resolver jogar, quero fazer um contrato de seis meses e, quando terminar, avaliar se paro ou continuo. AE - Qual o balanço que você faz da sua carreira? Djalminha - Sou grato ao Flamengo por ter me formado, mas lá não tive a oportunidade de mostrar o jogador que sou. Vivi momentos maravilhosos entre 94 e 2002 jogando no Guarani, no Palmeiras e no La Coruña. A única coisa que faltou para mim foi jogar uma Copa. AE - Você acha que sua fama de problemático fecha algumas portas para você no Brasil? Djalminha - Tenho certeza de que não. Represento o estilo de jogador que o brasileiro gosta de ver e sempre cumpri minhas obrigações profissionais, sempre treinei. AE - E a experiência no México? Djalminha - Sofri três contusões musculares e achei melhor rescindir o contrato, mas não tenho do que reclamar. Os dirigentes do América foram nota 10 comigo. O mercado mexicano é muito interessante para os brasileiros, bem melhor do que sumir na Rússia ou Ucrânia. Os clubes têm dinheiro, o clima é bom e o idioma ajuda. AE - Se parar mesmo, o que você vai fazer? Djalminha - Ainda não sei. Pretendo ficar um ano descansando e reorganizando minha vida no Rio, depois vejo o que vou fazer.

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