É muito difícil ver Dorival Júnior alterar o tom de voz. Aos 47 anos, o ex-volante do Palmeiras foi a maior contratação do Santos para 2010. Em ascensão no futebol brasileiro, o técnico não se irrita, não tergiversa sobre nada. Sim é sim. Não é não. É com essa calma quase oriental que o profissional campeão brasileiro da Série B do ano passado pelo Vasco tenta conscientizar o torcedor santista. Se o começo da temporada reserva dificuldades, Dorival garante que o Santos não vai brigar na parte debaixo da tabela como aconteceu no Campeonato Brasileiro do ano passado. Pelo contrário, estará no pelotão de frente, na luta por títulos.
O Santos está num processo de mudança. Isso gera uma expectativa grande. Mas seu pedido é de paciência. É isso?
É isso, sim. É um momento de transição no clube. Outros times se reforçaram e mantiveram a estrutura da equipe e do treinador. Não estou preparando desculpa para nada. É a realidade. Estou aqui para ganhar com o Santos e não vou fugir disso. Mas quero mostrar que estamos saindo um pouco atrás. Isso é inegável e tem um peso grande.
Montar um time competitivo leva tempo...
Muito tempo. Futebol não se queima etapas.
O torcedor entende isso?
Não entende, por mais experiência que tenha. Porque se vê apenas o resultado.
O anúncio do retorno do Giovanni, um dos grandes ídolos, inflou essa expectativa?
Isso pode ter acontecido. Mas é bom. Não vejo como ponto negativo, algo ruim. Torcedor vive disso, da paixão ligada ao sonho de se ver dentro de campo e sendo representado por um ídolo. Giovanni encarna isso. Ele representa muito para o santista e isso é gostoso de se ver. Jamais poderia ser contra um momento desse. Participar da possibilidade de um grande jogador retornar ao clube. Eu tinha de tentar colaborar para ajudar que o torcedor resgate o ídolo. Que a equipe propicie a ele encontrar o próprio caminho. Que o Giovanni seja visto como complemento para o time, não solução.
O Santos foi muito mal no Brasileiro de 2009, como já ocorrera em 2008. Isso torna esse trabalho o mais difícil da sua carreira?
Cada trabalho que fiz teve a sua responsabilidade e sempre coloquei aquela equipe como meu maior objetivo. Nunca vou deixar de valorizar cada uma delas porque sempre havia peculiaridades. O que vejo é o Santos como um novo momento. A diferença é que sempre tive um tempo maior para trabalhar e isso ajudou. Pude ajudar o amadurecimento de diferentes times.
Como você vê os dois jogadores jovens que despertam muita atenção: Neymar e Paulo Henrique?
Não se pode jogar responsabilidade excessiva sobre eles. É o momento do amadurecimento completo dos dois. Acho que esta temporada pode ser a de confirmação. A necessidade é que eles cresçam ainda mais.
Você pode garantir que o Santos vai brigar pelos títulos do Paulista e da Copa do Brasil?
Vai brigar, sim. Mesmo sabendo de todos os problemas que estamos enfrentando, ainda assim, vamos brigar pelos títulos. Quero um time vibrante e combativo e o Santos será assim. Nós vamos trabalhar para encontrar o equilíbrio e lutar em todas as competições.
Pelo jeito, o Santos vai mandar jogos no Pacaembu. Você concorda com a mudança para a capital?
Não. Algumas vezes pode acontecer, mas quero permanecer na Vila Belmiro. É uma opinião minha. Você conhece o gramado, trabalha aqui dentro, então seria bom jogar no nosso estádio. O Pacaembu seria a segunda opção.