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Edmundo chora e se complica na CPI

O presidente do Flamengo não conseguiu explicar as irregularidades financeiras e contábeis praticadas em sua gestão e se comoveu ao final do depoimento.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, depôs nesta quinta-feira por quase quatro horas na CPI do Futebol no Senado, mas não conseguiu convencer sobre a compra suspeita do jogador Petkovic junto ao Venezia da Itália nem muito menos sobre as irregularidades financeiras e contábeis praticadas durante a sua gestão. Edmundo disse que pagou US$ 1,5 milhão à empresa Picoline, com sede nas Ilhas Virgens, referentes ao direito de imagem de Petkovic no exterior - o valor total do passe foi fixado em US$ 6,5 milhões - mas não apresentou qualquer contrato que justificasse esse pagamento. "Até que se prove o contrário, esse valor foi pago no fio do bigode", afirmou o relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC). O presidente do Flamengo afirmou que o pagamento à Picoline foi acertado por um empresário, que ele acredita residir na Espanha, chamado Jorge Carreteiro. A empresa Lake Blue, outra que intermediou a transação, recebeu US$ 450 mil no negócio. Edmundo, contudo, não conhece nem os donos da Picoline nem da Lake Blue. Além disso, o pagamento foi remetido diretamente às empresas e ao clube pela ISL, sem que esses recursos passassem pelo Brasil. "Como o jogador passaria a integrar o patrimônio do clube, a ausência de registro desses recursos no Banco Central reforça a tese de evasão de divisas", declarou o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (sem partido-PR). Os problemas de Edmundo não se limitaram apenas ao caso Petkovic. Ele afirmou, no início de seu depoimento, que, ao assumir a presidência, em 1999, o clube possuía duas contas no exterior, uma do Banco do Brasil e outra do Banco Bilbao Vizcaya, mas que elas tinham sido fechadas. Mas um documento de uma empresa de auditoria chamada Delloite, contratada pelo próprio Flamengo para auditar as finanças do clube, identificou a existência de uma terceira conta, nas Ilhas Caymann, que movimentava os recebimentos e pagamentos no exterior, apesar de não ser registrada no Banco Central. Edmundo também é acusado de fraudar o balanço de 2000, que foi aprovado por menos de 10% dos integrantes do Conselho Deliberativo do Clube. A contadora do Flamengo, Maria Ângela Alves da Luz, em depoimento aos senadores, afirmou que o balanço de 2000 estava em aberto por falta de informações precisas sobre as movimentações financeiras. Mesmo assim, ele foi aprovado em uma reunião com a presença de apenas 146 conselhereiros do clube, quando o total de membros é de 1.715. Uma série de obras inacabadas no clube apesar do alto valor dos recursos repassados também chamou a atenção dos senadores. "Eu participei da CPI do Judiciário e essa situação se assemelha muito às obras do TRT de São Paulo", afirmou Althoff. Edmundo admitiu que pode ter havido falhas na administração, mas que nada foi feito de má-fé. Ele disse que a dívida atual do Flamengo é de R$ 137 milhões, negou que ela tenha subido mais de 3.000% e garantiu que esse valor não é menor por causa da falência da ISL, que deveria repassar ao clube US$ 20 milhões para a quitação de suas contas. Ele atribuiu o vazamento das informações do Conselho Fiscal a um revanchismo político interno e chegou a chorar no final do depoimento. "Eu quero ter o direito de encarar os meus filhos e não ser tratado como um bandido comum e prometo que vou expurgar todas esses maus flamenguistas do clube", ameaçou.

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