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Edmundo: escândalos e títulos no Fla

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Por Agencia Estado
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O presidente cassado do Flamengo, Edmundo Santos Silva, é um empresário bem-sucedido e conhecido no mercado brasileiro. Já a sua administração no clube carioca, além dos títulos conquistados, se tornou polêmica por causa das várias acusações que sofreu, dentre elas, a de improbidade administrativa. Edmundo Santos Silva assumiu a presidência do Flamengo em janeiro de 1999. Na eleição, derrotou Márcio Braga, que foi um dos principais responsáveis pelo movimento que levou a seu impeachment, decidido na madrugada desta terça-feira. A vergonhosa e tumultuada cassação de Edmundo foi marcada pela esmagadora votação de 530 conselheiros do clube a favor de sua saída, do total de 568 votantes. O pleito está sob júdice, porque na hora em que a votação começou, o quorum mínimo necessário era inferior a um terço de 1.703. Antes de seu afastamento, Edmundo Santos Silva afirmou que se fosse cassado iria recorrer da decisão. Procurado pelo Agência Estado, nesta terça-feira, o dirigente mandou avisar, através de sua assessoria, que só irá pronunciar na quarta. Os questionamentos à administração de Edmundo Santos Silva começaram com a assinatura da parceria com a empresa suíça de marketing esportivo International Sports License (ISL), que foi cercada de incertezas e acabou se revelando um fracasso. O contrato foi celebrado em dezembro de 1999, após muita discussão e acusações de que o dirigente estaria "forçando" a aprovação sem a devida apreciação do Conselho Deliberativo. A ISL se comprometia a pagar US$ 80 milhões de dólares nos 15 anos de parceria, além de investir na construção de um estádio. Em março de 2001, o clube rescindiu o contrato com a empresa, que havia decretado falência. Em apenas seis meses de parceria com a ISL, Edmundo Santos Silva acabou gastando grande parte dos US$ 80 milhões na contratação de jogadores. A compra dos passes do meia Petkovic e do volante Mozart foram consideradas suspeitas. O sérvio foi contratado junto ao Venezia (Itália) por US$ 6,5 milhões, em janeiro de 2000, mas cinco meses depois ficou comprovado que parte do dinheiro havia sido depositado em paraísos fiscais. Esse foi o primeiro escândalo da sua gestão. Já a contratação de Mozart, em fevereiro de 2000, foi anunciada duas vezes. Isto porque a diretoria do Flamengo anunciou a compra do passe do jogador, na época do Coritiba e que estava com a seleção pré-olímpica, por US$ 7,5 milhões. Porém, houve reclamações dentro do clube e Edmundo Santos Silva revelou que só havia pago US$ 3,5 milhões e que mentira para ajudar o clube paranaense. O dirigente acabou não pagando pela compra de Mozart e a administração flamenguista ficou sem poder usar talões de cheque por causa da inadimplência. Em agosto de 2001, Edmundo Santos Silva depôs pela primeira vez na CPI do Senado, quando chegou até a chorar. Nesse depoimento, o dirigente revelou a existência de uma conta nas Ilhas Cayman, famoso paraíso fiscal, sem registro no Banco Central. Ele não conseguiu comprovar que o dinheiro da conta havia voltado para o clube. O relatório da Comissão foi aprovado em dezembro de 2001, com cinco pedidos de indiciamentos para o então presidente do Flamengo: falso testemunho, no caso Petkovic; lavagem de dinheiro; apropriação indébita; sonegação fiscal e evasão de divisas. O mais recente escândalo da gestão Edmundo Santos Silva foi a contratação do zagueiro Valnei. O Flamengo contratou o jogador por R$ 1,25 milhão e pagou adiantado R$ 400 mil ao Grapiúna, da Bahia. Porém, os direitos do atleta pertenciam ao Santa Cruz e os dirigentes do clube baiano dizem que não receberam nenhuma quantia. Pressionada, a diretoria flamenguista revelou que ter pago apenas R$ 400 mil, mas não disse para quem. Outra polêmica na administração de Edmundo Santos Silva envolveu a parceria com o senador cassado Luís Estevão, dono do Brasiliense. O Flamengo cedeu vários jogadores para o clube de Brasília a preços baixos e não conseguiu, por exemplo, a contratação do meia Wellington Dias. Além disso, vendeu o atacante Edmílson por R$ 17 mil e depois o contratou por empréstimo, com salários de R$ 6 mil. Apesar das críticas e dos escândalos, Edmundo Santos Silva é um dos presidentes mais vitoriosos do Flamengo. Sob sua administração, o clube foi tricampeão carioca (1999, 2000 e 2001) pela terceira vez na história, campeão da Copa Mercosul, em dezembro de 1999, e da Copa dos Campeões, em junho do ano passado.

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