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Eleição presidencial causa ebulição no São Paulo

Clube vive momento de fragmentação política incomum em sua história recente e quatro candidatos podem disputar a vaga de presidente em abril

Por Ciro Campos e Paulo Favero
Atualização:

Impeachment de presidente, um mandatário que conseguiu unir diversos grupos políticos em torno de si e uma fase de luta ambiciosa pelo poder. Não, não é o governo federal e sim o São Paulo. Os corredores do Morumbi estão em ebulição pela proximidade da eleição presidencial, que poderá ter até quatro candidatos no mês de abril. Embora tivesse aumentado o número de conselheiros artificialmente e alongado o mandato presidencial, Juvenal Juvêncio, falecido em 2015, conseguia aglutinar a situação dentro do clube. Agora, a pulverização é grande. De 240 conselheiros, costumam participar das votações entre 190 e 210, ou seja, a própria matemática do vencedor pode oscilar.

Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo Foto: Alex Silva/ Estadão

Em busca da reeleição, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, procura um mandato completo, após ser eleito para a completar a gestão de Carlos Miguel Aidar, que renunciou. "Diante da herança que tivemos e da situação em que estamos hoje, tenho certeza de que avançamos muito. Estamos preparando o clube para que o torcedor tenha alegrias nos próximos anos". Historicamente, o ambiente político no São Paulo sempre foi de calmaria. Mas agora a situação mudou, e a eleição promete pegar fogo. Leco lembra que um passo importante foi dado com a aprovação do novo estatuto, que prevê a criação de um Conselho de Administração com nove integrantes, diretoria profissional, fim das vice-presidências estatutárias, fim da reeleição para presidente, entre outras modificações. Por outro lado, o presidente manteve alguns nomes da gestão anterior, que eram contestados pelos conselheiros, e sofreu desgaste com a campanha ruim do time no Campeonato Brasileiro, quando a equipe chegou a lutar contra a zona de rebaixamento. "Esta gestão, com o apoio da boa atuação do conselho, apresentou resultados sensíveis como a redução da dívida, a recuperação de crédito e imagem e, justamente, um estatuto moderno e profissional", diz o presidente que, pelas contas do seu grupo político, seria hoje favorito. Um dos prováveis adversários é Roberto Natel, ex-vice presidente na própria gestão de Leco e que se afastou para tentar ser candidato. Grupos ligados ao ex-vice, porém, acreditam que há chance de uma dobradinha ainda, pois, com o novo estatuto, o cargo de vice-presidente ganhou mais autonomia. "Não vejo problema em enfrentá-lo (Leco), acho que ele tem um interesse, eu também tenho, e vai vencer quem mostrar a melhor condição para o São Paulo", afirma o dirigente.

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Natel participou das gestões nos últimos anos, tinha forte ligação com Juvenal Juvêncio e lembra que não é um candidato de situação nem de oposição. "Sou uma terceira via e acho que pode até aparecer uma quarta e quinta via". Outro nome que pode surgir na eleição é o de Julio Casares, que foi vice de Juvenal Juvêncio e Carlos Miguel Aidar. Oficialmente, ele não se coloca como candidato, mas vem tentando se viabilizar junto aos conselheiros. "Defendo que o candidato envolva situação e oposição". Para ele, o novo estatuto vai exigir que a futura gestão seja mais profissional. "Apoio um pacto de gestão com todo mundo sentado à mesma mesa. As pessoas falam que tenho o perfil, mas não estou dando um passo para ser candidato". Casares sofre críticas nos bastidores do Morumbi, porém, por ter defendido o contrato com a Far East (empresa que ganharia comissão por negócios com a Under Armour na gestão passada). Apesar de despontar como possível candidato, Casares pertence ao mesmo grupo político do atual presidente.

QUARTA VIAEntre as especulações de outras candidaturas, um nome de destaque é o de José Roberto Ópice Blum. O presidente da Comissão de Ética do clube conduziu o processo que culminou na expulsão do Conselho de Aidar e Ataíde Gil Guerreiro por envolvimento em escândalos em 2015 e a análise que arquivou suspeitas de corrupção na gestão Aidar, como o próprio caso da Far East. Por estar envolvido em projetos profissionais, Blum está inclinado no momento a não aceitar a candidatura.

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