PUBLICIDADE

Publicidade

Em 1ª edição, Cinefoot Mulheres busca dar visibilidade à história do futebol feminino

Até domingo, serão nove sessões, com três longas-metragens e 13 curtas de quatro países; veja programação

Por Leandro Silveira
Atualização:

Um festival de cinema, mas também um manifesto. É assim que o Cinefoot Mulheres espera ser visto, como define Daniela Fernandes, sua diretora. O evento audiovisual inicia sua primeira edição nesta quinta-feira, com encerramento no domingo, tendo surgido com o intuito de contribuir para a ampliação da visibilidade do futebol feminino no Brasil. Serão nove sessões, com a exibição de três longas-metragens e 13 curtas de quatro países diferentes para abordar a história da modalidade.

Além disso, haverá um seminário e a disponibilização outros produtos culturais para ajudar no fomento do futebol feminino, apostando no seu desenvolvimento a partir da visibilidade a da representatividade. "É um momento para trazer à tona a história dessas mulheres. O país do futebol não é o país do futebol dos homens, é também o das mulheres", afirma Daniela.

Imagem do filme 'Minas do Futebol', que será exibido no Cinefoot Mulheres Foto: Reprodução

Ainda que independente, o Cinefoot Mulheres é um desdobramento do Cinefoot. Um dos pioneiros e principais festivais do mundo quando se pensa na união da paixão entre o que se passa nos gramados e nas telas, ele surgiu em 2010. E assim como o Cinefoot foi criado na sequência de uma edição histórica da Copa do Mundo, a primeira e única realizada até agora no continente africano, foi também do principal torneio da modalidade que veio a inspiração para que o futebol feminino ganhasse uma versão exclusiva no Brasil.

O Cinefoot sempre buscou dar visibilidade para as mulheres. E o ano passado foi muito marcante com a Copa, com uma divulgação e visibilidade que o futebol feminino nunca teve

Daniela Fernandes, diretora do evento

PUBLICIDADE

O Mundial de 2019, afinal, teve audiência relevante e ficou marcado por feitos, como o de Marta, que se tornou a jogadora com mais gols na história das Copas, em seus diferentes gêneros. "O Cinefoot sempre buscou dar visibilidade para as mulheres. E o ano passado foi muito marcante com a Copa, com uma divulgação e visibilidade que o futebol feminino nunca teve", relembra Daniela.

A partir daí, se iniciou um processo de avaliação da presença feminina na produção cinematográfica sobre o futebol. E a participação relevante confirmou, na visão de Daniela, a visibilidade para a realização do evento, que agora ganha as telas, a partir de uma produção expressiva. "Vi que 72% dos filmes que recebemos têm participação das mulheres, tanto na direção quanto em personagens ou na equipe técnica principal. Ficamos maravilhados com estes números e com o cenário de mobilização pelo futebol feminino", diz.

A programação do festival mostra um recorte de dez anos da filmografia do Cinefoot, embora não se resuma apenas a ele, apresentando produções que vão desde 2010 até algumas inéditas. E embora online, até pelas medidas restritivas impostas pela pandemia do novo coronavírus, a primeira edição do Cinefoot Mulheres ocorre a partir de Belo Horizonte.

Mas o plano, como explica a diretora do festival, é que seja levado para outras cidades nos próximos anos, para "contar a história de luta de outras mulheres". "A ideia é criar um banco de memórias. Mostrar o quanto o passado é significativo para o presente e para o futuro. E honrar a memória dessas mulheres", diz.

Publicidade

PARA ALÉM DO CINEMA

Com a preocupação sobre o registro histórico do futebol feminino, que esteve proibido de ser praticado por cerca de 40 anos no País, foi produzido um caderno de memórias, que já está disponível no site do Cinefoot Mulheres, para contar a trajetória da modalidade em Minas Gerais, tema também abordado em um podcast do festival.

O evento ainda terá um seminário com a participação de figuras relevantes do futebol feminino, como Aline Pellegrino, coordenadora da modalidade na CBF, e Emily Lima, hoje à frente da seleção do Equador, para debater os desafios e possibilidades da modalidade, além de abordar a sua história. "Se você não dá visibilidade, os patrocinadores não vão dar importância. Se você não exibe os jogos, não cria referência para essa geração. São passos necessários para o país do futebol, que ainda é muito machista", afirma Daniela.

O festival, inclusive, conta com parceria com a ONU Mulheres, que ajudou a construir o projeto e participa da organização dos debates. "As mesas com a ONU Mulheres falam das limitações. As barreiras são tão grandes que muitas vezes as mulheres desistem de jogar. Então vamos discutir essas barreiras", destaca a diretora.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Cristiane, um dos grandes nomes da história da seleção brasileira, e Lina Chamie, renomada diretora de cinema, prepararam aulas especiais para o festival. "Estamos tentando cercar de todos os lados para a construção de um futebol feminino que tenha mais investimento. A gente sabe que é uma pontinha, mas espera que faça diferença daqui a alguns anos", acrescenta Daniela.

O festival é gratuito, com as sessões sendo exibidas pela plataforma de transmissão Looke. Já as mesas terão transmissão pelo canal no YouTube do Museu do Futebol.Confira a programação da 1ª edição do Cinefoot Mulheres05/11 - Quinta-feira 19h - Abertura Cinefoot Mulheres (Museu do Futebol) 20h - Sessão 1 - Abertura (Looke)06/11 - Sexta-feira 10h - Sessão 2 - Dente de Leite (Looke) 14h - Mesa ONU Mulheres (Museu do Futebol) 17h - Sessão 3 - Navegar é preciso (Looke) 19h - Sessão 4 - Ela faz História (Looke) 20h - Sessão 5 - Minas do Futebol (Looke)07/11 - Sábado 14h - Sessão 6 - Virando o Jogo (Looke) 17h - Sessão 7 - Mineiras F.C. (Looke) 19h - Mesa Esporte pela Democracia (Museu do Futebol)08/11 - Domingo 10h - Sessão 8 - Dente de Leite (Looke) 18h Encerramento/Homenagens (Museu do Futebol) 19h - Sessão 9 (Looke)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.