O Barcelona disputa nesta segunda-feira o troféu Joan Gamper, amistoso para apresentar os reforços à torcida. Nesta temporada, o jogo tradicional e festivo será também um gesto de solidariedade. O clube catalão convidou a Chapecoense como forma de homenagem e ajuda na reconstrução da equipe brasileira, que sofreu acidente aéreo na viagem à Colômbia para disputar a final da Sul-Americana diante do Atlético Nacional em 2016. Foram 71 vítimas. A partida no Camp Nou será às 15h45 (Brasília), com transmissão de Globo e SporTV.
O confronto, sem Neymar, agora no PSG, também será um brinde à vida, de Alan Ruschel, por exemplo, sobrevivente daquele voo da LaMia. Ele faz sua reestreia na Chapecoense. É ainda a primeira partida na Europa da Chape, que terá uniforme especial. Os jogadores vestirão uma camisa branca com 73 estrelas, em alusão ao ano de fundação do clube. No desembarque e nos treinos na Espanha, os jogadores já sentiram que o duelo será especial.
“É mais um capítulo na história do nosso clube, um jogo muito importante, um momento único e mágico. É um sonho enfrentar uma equipe como o Barcelona, haverá homenagens”, disse Neném, que participou dos acessos da Chape da Série D para a Série A e da campanha do título sul-americano em 2016.
Para o lateral Apodi, que chegou a atuar na Rússia e México, é a oportunidade de jogar contra o Barcelona pela primeira vez. “É um privilégio, pois os jogadores brasileiros que não atuam na Europa não têm essa chance. Vamos procurar fazer o nosso melhor e representar bem a Chapecoense”, disse.
Depois do confronto, o time brasileiro disputará amistosos com Lyon e Roma e vai ao Japão para partida com o Urawa Red Diamonds, pela Copa Suruga. A agenda exigiu esforço logístico do clube, que disputava a quarta divisão em 2007. Neste domingo, uma equipe mista perdeu para o Coritiba pelo Brasileirão por 2 a 0. Para não deixar de lado o torneio nacional, prioridade do ano, a delegação se dividiu. O primeiro grupo, de 15 jogadores, chegou sábado à Espanha. O resto desembarca nesta segunda.
Um dos jogadores da Chape vai dividir os holofotes com Messi e Suárez. Ruschel é um dos seis sobreviventes do acidente aéreo. Ele retorna para o primeiro jogo oficial oito meses após a tragédia. Também estão na delegação os outros dois atletas sobreviventes: o zagueiro Neto, que só voltará no ano que vem, e o goleiro Follmann, que teve a perna amputada.
DEPOIMENTO
Alan Ruschel: 'Não quero ser tratado com piedade'
“Não vou jogar só por mim. Vou jogar pelos meus amigos que não estão mais aqui. Pelo meu parceiro Follmann e Neto. Pela minha família, pelos outros. E por todos aqueles que oraram por mim. Através de mim, muitas pessoas vão estar realizando um sonho de enfrentar o Barcelona.
Estou feliz por estar realizando meu sonho pela segunda vez. A primeira foi quando me tornei atleta profissional. Agora, estar voltando é um novo sonho. Sempre deixei bem claro que, a partir do momento em que voltasse a jogar, não queria ser tratado com piedade. Deus me deu a oportunidade de seguir minha vida e hoje me sinto em condições de competir de novo. O mais difícil durante esse período foi a parte psicológica, voltar para Chapecó e voltar a treinar lá e não ter as pessoas que se foram no acidente. Eu estou preparado, trabalhei para isso, mas além de estar jogando aqui, o mais importante é a minha volta.
Não só o Barcelona, mas muitas pessoas se solidarizaram com a nossa dor. A tragédia mostrou que a humanidade respira.
A gente tem de agradecer ao Barcelona pelo que está fazendo por nós”.