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Em prantos, Chapecó reza pelas vítimas de acidente aéreo na Colômbia

No fim da missa, a população saiu em romaria pelas ruas da cidade

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Foto do author Gilberto Amendola
Por Gilberto Amendola
Atualização:

Milhares de moradores de Chapecó se reuniram na igreja Santo Antônio e na frente dela, na Praça Cel. Bertaso, em Chapecó. A missa das seis reuniu uma população (torcedores ou não)  chocada, perplexa e em prantos. Lágrimas nos olhos de velhos, mulheres e crianças. A maioria se vestia com o manto verde do time, o uniforme daquele que é o orgulho da cidade. "Eu só tive força pra tirar essa camisa do armário, me olhar no espelho e desabar", confessa Emília de Faria, 53 anos, advogada. 

Música Nossa Senhora (Roberto Carlos) e o hino da Chapecoense também foram cantados Foto: Nilton Fukuda|Estadão

Na missa, além das orações, a música Nossa Senhora (Roberto Carlos) e o hino da Chapecoense também foram cantados por um coro forte, um coro de torcedores e fiéis. Durante o coro, tinha choro, tinha grito de gol, tinha amor e indignação. "Por quê?", perguntava um homem olhando para o céu - mas sem nenhuma esperança de receber respostas.  O bispo dom Odelir está há 1 ano e meio na cidade, vindo de Sobral (Ceará). Nesse tempo, já havia ganhado do proprio clube um título de sócio e uma camisa com o seu nome. "O goleiro Danilo e o técnico Caio Júnior costumavam frequentar a missa também", lembra. "Hoje é um dia muito triste. A Chapecoense representa pra Cidade uma utopia de união e fraternidade. A população de reconhecia no time. Era empatia e amor. Agora, é preciso ter fé e confortar os corações", completa. No fim da missa, a população saiu em romaria pelas ruas da cidade. Por vezes,  batendo palmas e repetindo a letra do hino. Outras vezes, apenas o silêncio. O comércio fechado. Nos prédios residenciais, gente nas sacadas e janelas. Ninguém acenava. Apenas observavam com o olhar vago o  cortejo que passava.

O cortejo que saiu da igreja Santo Antônio e da praça Coronel Bertaso seguiu para a Arena Condá, estádio da Chapecoense. Milhares de torcedores lotaram a arquibancada e homenagearam cada jogador, gritando seus nomes. "Sou Chapeconse com muito orgulho, com muito amor", cantaram. Gritos de "ê campeão" e "time de guerreiros" também se espalharam pelo lugar. Chamou atenção, tanto nas arquibancadas como durante a caminhada, o número de crianças que acompanham seus pais e, assim como eles, choravam. "Não tem o que explicar. O jeito é trazer minha filha pra sentir esse ambiente (no estádio). Acho que ela vai entender aos poucos", fala o empresário Airton Goes, 39 anos, pai da Roberta, 9 anos. "Acho que a ficha não caiu pra elas. Vai cair quando elas sentirem falta dos jogos, da agitação que as partidas da Chapecoense", comenta a comerciante Andreia Radel, 36 anos, mãe de Tais, 8 anos; Leticia, 9; e Clarissa, 7 anos.

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