Em rodada ´lógica´, Loteca paga menor prêmio desde 2002

Com maior número de acertadores da história num concurso - são mais de 7 mil -, prêmio pago pela Caixa é de apenas R$ 32,67 a cada um dos vencedores

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Loteca, sucessora da histórica Loteria Esportiva, não tem mais o glamour de antigamente e paga prêmios muito menores que os da Mega-Sena, a principal loteria do País na atualidade. Mas o apostador que comemorou ter acertado os 14 pontos no teste 256, encerrado na noite de domingo, não poderia imaginar o tamanho de sua decepção: a Caixa Econômica Federal pagará apenas R$ 32,67 a cada um dos 7.792 acertadores. Fazer os 13 pontos rendeu 80 centavos a 68.348 pessoas. Nunca tanta gente ganhou tão pouco dinheiro. Trata-se do maior número de acertadores de um concurso e da menor premiação individual paga no atual formato da Loteca, iniciado pela Caixa Econômica Federal em fevereiro de 2002, com 14 jogos e pagamento de prêmio para quem marcasse 14 ou 13 pontos. "A falta de sorte dos apostadores é que deu a lógica, é uma aposta que qualquer criança faria", explica o matemático Tristão Garcia, especialista em análises de futebol. Não houve empates nos 14 jogos - foram 10 colunas um e 4 colunas dois. "É um dado estatístico: cerca de 50% dos jogos são vencidos pelo time de casa", prossegue o professor. Para Tristão, há uma lógica para os quatro visitantes que venceram na rodada do fim de semana: Grêmio, que bateu o Caxias pelo Gaúcho; Vasco, que derrotou o Boavista no Carioca; Santos e Palmeiras, que derrotaram Ituano e Sertãozinho, respectivamente, pelo Paulistão. "O Grêmio vem com uma campanha ótima no Gaúcho. O Vasco está animado com a busca do Romário pelos mil gols. O Santos é o líder do Paulista e o Palmeiras não podia obter outro resultado para continuar vivo na disputa", analisa. História A Loteria Esportiva foi criada em abril de 1970, e caiu nas graças do público nos meses seguintes, com a conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira na Copa do Mundo do México. Naquela época, "fazer os 13 pontos" virou mania nacional e símbolo de status e riqueza para os acertadores. Aos poucos, o interesse foi caindo, e no início dos anos 80 a revista Placar denunciou a existência de uma máfia da loteria, com dirigentes, árbitros, técnicos e jogadores envolvidos na manipulação de resultados. Nos anos seguintes, a Caixa fez várias alterações na Loteria Esportiva, ampliando o número de jogos para 16, depois reduzindo novamente para 13 e definindo o formato atual, com o nome de "Loteca", no início de 2002. De lá para cá, a concorrência com os sites de apostas virtuais - ilegais no Brasil - e outras loterias, principalmente a Mega-Sena, fez com que a Loteca deixasse de ser a favorita do público. Mesmo assim, a Loteca chegou a pagar bons prêmios na fase atual. No teste anterior, 12 apostadores receberam R$ 42.441,90 - "ajudados" por resultados como o empate entre o campeão do mundo Internacional e o pequeno Santa Cruz, pelo Campeonato Gaúcho. O maior valor pago a um só apostador foi no concurso 115, em maio de 2004, foi de R$ 1.256.949,71. Longe dos R$ 64.905.517,65 pagos ao vencedor do concurso 188 da Mega-Sena, em outubro de 1999, o maior prêmio individual da história das loterias brasileiras. É verdade que acertar os 14 pontos é mais fácil do que cravar as seis dezenas da Mega-Sena. Com a aposta mínima, de R$ 1, a probabilidade de acerto é de 1 em 2.391.485. Na Mega-Sena, com a aposta mínima de R$ 1,50, essa chance cai para 1 em 50.063.860. Para quem ainda está disposto a arriscar uma "fézinha" na Loteca, Tristão recomenda apostar em zebras. "A única maneira de ganhar um bom dinheiro é jogar contra a lógica. Você pode errar várias vezes, mas se acertar conseguirá faturar bastante", avisa o matemático.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.