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Empresa é investigada por pagar propinas por contrato na Copa

CTS Eventim foi a vencedora da licitação para realizar as vendas dos ingressos dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro

Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo e Jamil Chade
Atualização:

A empresa que ganhou o contrato milionário para realizar as vendas de ingressos para a Olimpíada de 2016 no Rio é suspeita de ter pago propinas para ficar com contratos para a Copa do Mundo. Em troca, colocou milhares de ingressos no mercado negro para recompensar cartolas. Em setembro, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que a CTS Eventim foi a vencedora da licitação para o evento no Brasil, com a responsabilidade de vender os nove milhões de ingressos do evento. Há alguns dias, o Ministério Público de Munique indicou que a Justiça a investiga por pagamento de propinas e por colocar no mercado negro 52 mil ingressos da Copa de 2006. A empresa, selecionada em um processo público de concorrência, do qual participaram companhias nacionais e estrangeiras, desenvolverá o sistema de venda de ingressos online, controle de acesso, estrutura de call center para atendimento ao público e bilheteria.

Praia de Copacabana recebe centenas de pessoas para comemorar a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. 2/10/2009 Foto: Marcos de Paula/AE

O

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apurou que o CEO da empresa, Klaus-Peter Schulenberg, está sendo investigado em Munique. A suspeita é de que ele teria fechado um acordo com o ex-diretor da Federação Alemã de Futebol, Willi Behr. Pelo entendimento, a companhia ficaria com o contrato para a Copa de 2006, na Alemanha, avaliado em  270 milhões. Em troca, 52 mil ingressos seriam usados no mercado negro, com lucros milionários. A investigação está ocorrendo no Ministério Púbico de Munique desde 2009, sob a suspeita de “pagamento de propinas”. Em 2012, a sede da empresa chegou a ser alvo de uma ação da polícia, assim como a sede da Federação.

Parte dos documentos foram obtidos e publicados pelo jornal

Welt am Sonntag

e apontam para um acordo entre o empresário e o cartola. A suspeita é de que o cartola tenha desenhado ele mesmo a proposta da CTS para a licitação, garantindo sua vitória em 2004.

A empresa nega o crime. “Neste momento, a companhia não responderá a perguntas específicas sobre o assunto”, disse ao

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o porta-voz Matthias Michael. “A CTS Eventim não comenta investigações em andamento e a companhia tem certeza que sempre agiu dentro da lei.”

Compensação. Por ter dado o contrato de  270 milhões para a empresa, os documentos sugerem que Behr recebeu um empréstimo de  500 mil, além de acesso a 52 mil ingressos que não foram vendidos. Essas entradas deveriam ser destinadas a patrocinadores. Esses ingressos então foram ao mercado negro, graças aos serviços da empresa O & P Event Marketing de Munique. Em média, os valores eram 329% superiores ao preços originais. Os lucros totais foram de  12 milhões.

A O & P ficou com  3 milhões. Mas parte do dinheiro voltou aos cartolas e empresários por meio de falsas notas de consultorias.

As relações entre a O & P e a CTS são importantes. O gerente-geral da empresa que colocou os 52 mil ingressos no mercado negro é também gerente de uma subsidiária da CTS. Maior empresa do setor na Europa e vendendo 100 milhões de ingressos para 180 mil eventos por ano, a CTS foi responsável pela Copa de 2006 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de 2006 e 2014.

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