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Empresas do setor de apostas estendem patrocínios a emissoras de TV e ampliam exposição no Brasil

Após clubes, Globo, Band, SBT, Record, SporTV e ESPN estabeleceram acordos publicitários com companhias do ramo

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As empresas do ramo de apostas esportivas se tornaram, recentemente, um vetor econômico expressivo no mercado futebolístico nacional e internacional. Responsáveis por investimentos significativos em acordos comerciais com clubes e torneios ao redor do mundo, os sites de apostas patrocinam atualmente 17 dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, por exemplo, e possuem acordos comerciais com todas as emissoras de televisão que exibem o esporte em território nacional. 

Além dos clubes e emissoras, boa parte dos influenciadores digitais que produzem conteúdos ligados ao futebol nas redes sociais possuem acordos com companhias do segmento. É um mercado em crescimento. O alto investimento em mídias esportivas realizado pelas companhias comprovam o papel de protagonismo econômico das empresas de apostas esportivas no futebol brasileiro, que movimenta R$ 53 bilhões anualmente no País, de acordo com um estudo realizado pela Ernst & Young Global Limited, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Casa de Apostas, que já é patrocinador do Bahia, tem acordo com a Band Foto: Felipe Oliveira / Bahia

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Em virtude dos altos investimentos, é evidente que as estratégias de comunicação adotadas pelas empresas do setor buscam impactar os fãs do esporte, expandindo a cultura de apostas e conquistando novos usuários no Brasil. Segundo Bruno Maia, especialista em inovação e negócios na indústria do esporte, a nova geração consumidora de futebol busca se entreter e interagir com dados e estatísticas, fatores característicos do mundo das apostas. 

"A tendência é que as empresas desse segmento se conectem cada vez mais com grupos de mídia que possuam o esporte como ativo. As apostas criam micronarrativas e promovem uma experiência particular e paralela durante uma partida de futebol. Estamos em uma época em que as estatísticas viraram entretenimento, há uma geração que consome o esporte por meio de games e que se interessa intensamente pelo consumo de dados. Certamente as parcerias entre empresas e emissoras de TV irão gerar receitas novas e importantes para esses grupos de mídia", explicou Maia.

Além de originar novas receitas para as companhias, as parcerias entre as empresas e as emissoras de TV buscam normalizar a prática na população brasileira. "Acredito que o mundo do futebol e as companhias de apostas são grandes aliados comerciais. Apesar da atividade ainda ser uma novidade no Brasil, a tendência é que ocorra uma popularização progressiva, principalmente após a regulamentação da prática. Vemos um futuro muito promissor para o mercado brasileiro, buscamos sempre gerar novas experiências ao torcedor, com ações que nos aproximem do público", explica Hans Scheiler, diretor de marketing da Casa de Apostas, empresa que é patrocinadora de Vitória e Bahia e possui acordos comerciais com a emissora Band.

Legislação

Atualmente, cerca de 450 sites de apostas do exterior atuam no Brasil sem nenhum tipo de tributação. Todos esses players estão fora do País porque não há regulamentação sancionada em território nacional. Ao constatar a oportunidade de geração de empregos, rentabilidade e arrecadação de impostos no setor, o debate acerca da criação de uma regulamentação adequada ganhou força no contexto político brasileiro. Em 2018, o congresso nacional sancionou a lei 13.756/18, responsável pela criação da modalidade de aposta "quota fixa", na qual se enquadram as apostas online no Brasil atualmente. No entanto, a norma ainda não atende as particularidades da categoria, e a regularização apropriada da atividade deve se efetivar até o fim do ano que vem, atendendo aos fatores esportivos, econômicos e tributários do segmento. 

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"O mercado de apostas esportivas, quando finalmente regulado no Brasil, vai chacoalhar o mercado de mídia e entretenimento, abrindo várias frentes de novos negócios. Uma delas poderá ser a criação de plataformas de apostas por empresas donas de canais de TV. Isso já ocorreu no exterior onde poderosos canais esportivos deram esse passo, como é o caso da Fox Bet e da Sky Betting. No Brasil, a Globo, por exemplo, já tem um fantasy game, o Cartola, que eu sempre vi como um experimento para outros negócios no setor de apostas. Há muita água ainda para rolar por debaixo dessa ponte", afirmou o advogado Eduardo Carlezzo, especialista em direito desportivo.

Para o professor Marcelo Palaia, especialista em marketing no esporte, a possibilidade da criação de plataformas de apostas pertencentes a canais de TV realmente existe, mas depende da regularização da prática. De acordo com o executivo, o futebol brasileiro tem algumas particularidades que seduzem as companhias de apostas.

"É um mercado que vai deslanchar assim que as empresas estiverem funcionando legalmente no Brasil. A experiência de ver um jogo e apostar simultaneamente é muito atrativa, você faz isso com um ou dois cliques no seu celular. Além disso, temos uma população massiva, apaixonada por futebol, torneios com um alto nível de competição, esses fatores tornam o investimento no futebol brasileiro oportuno às empresas do segmento. Será cada vez mais comum a criação de novas estratégias de ativação no futebol por parte das companhias, em parceria com os clubes e as emissoras de TV", afirmou Palaia.

As possibilidades de novas ações publicitárias são vastas, e de acordo com profissionais, há uma expectativa muito grande do mercado para que a regularização ocorra em um futuro breve. Na opinião de Renê Salviano, profissional com larga experiência em marketing esportivo, a aproximação dos meios de comunicação com as empresas do setor acontece devido aos grandes investimentos em mídia realizados pelas companhias, que procuram se conectar com o fã do esporte de diferentes maneiras.  Estimativa de 2018 da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que o mercado poderia movimentar até R$ 10 bilhões por ano.

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"A empresas de apostas são grandes investidores em mídia, e as emissoras de TV estão cada vez mais próximas desse segmento. Percebemos nos últimos três anos uma grande movimentação de todos se preparando para a regulamentação, é uma grande oportunidade para o mercado nacional se desenvolver em vários aspectos, estou torcendo para que isto aconteça. Quando você regulamenta e a empresa está no Brasil, os impostos vão gerar uma nova receita para o País e o governo pode aplicar isso em educação, esporte, segurança, entre outras áreas", diz Salviano.

Dessa forma, segundo especialistas, a regularização apresenta inúmeros benefícios e deve movimentar o setor de apostas no Brasil. Por ter uma população apaixonada por futebol, a tendência é que cada vez mais os meios de comunicação estabeleçam parcerias com as empresas do ramo, com a possibilidade de lançarem as suas próprias plataformas de apostas, como aconteceu em outros países. Além das organizações midiáticas, clubes, competições e influenciadores também devem continuar recebendo investimentos dos principais sites de apostas do mundo, que enxergam no futebol um aliado importante na busca por popularização e na captação de novos usuários. 

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