Especialistas apontam grade e falta de sirene como erros graves no Flamengo
Medidas simples teriam evitado incêndio que causou a morte de dez garotos
Por Ciro Campos
Atualização:
Uma tragédia provocada por uma sucessão de erros e uma oportunidade para repensar estratégias. Especialistas em prevenção a incêndios ouvidos pelo Estado afirmam que a tragédia no alojamento do Flamengo serve como reflexão, principalmente para se determinar novos parâmetros de segurança.
Para o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em incêndios Valdir Pignatta e Silva, a tragédia da última sexta no Ninho do Urubu pode ter um impacto similar ao dos incêndios nos edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, na década de 1970. Depois desses episódios, as regulamentações e vistorias se tornaram mais rígidas.
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"Com áreas pequenas, como era o caso do Flamengo, os bombeiros não costumam fazer exigências, porque se supõe que as pessoas vão deixar o local facilmente. Mas vamos ter de repensar isso. Temos sempre que aprender com os grandes incêndios. Fogo em um alojamento montado em um contêiner é inédito", explicou.
O professor explicou que um possível problema foi o clube ter colocado grades nas janelas do contêiner. A medida buscava evitar furtos, mas dificultou a tentativa dos garotos de fugirem das chamas.
Imagens do Ninho do Urubu, CT do Flamengo, após o incêndio que causou a morte de 10 pessoas
1 / 16Imagens do Ninho do Urubu, CT do Flamengo, após o incêndio que causou a morte de 10 pessoas
Ninho do Urubu
Um incêndio deixou dezmortos e três pessoas feridas, uma delas em estado grave, no Centro de Treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, Zona Oeste do ... Foto: Fábio Motta/ EstadãoMais
Ninho do Urubu
Segundo relatos de jogadores de base que sobreviveram ao incêndio, minutos antes de o fogo começar houve uma explosão no ar condicionado, uma espécie ... Foto: Fábio Motta/ EstadãoMais
Imagem mostra o CT do Flamengo queimado, após tragédia
Imagem mostra o CT do Flamengo queimado, após tragédia Foto: Reginaldo Pimenta/Estadão
Ninho do Urubu
Segundo os Bombeiros as vítimassão atletas das categorias de base do clube, que dormiam no local. Foto: REUTERS/Ricardo Moraes
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Familiares e torcedores que souberam do incêndio noalojamento que recebia jogadores de 14 a 17 anos de idade se reúnem em frente ao CT Foto: Fábio Motta/ Estadão
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Os bombeiros foram acionados às5h17 da manhã. Por volta das 6h20, as chamas foram controladas. Foto: Fábio Motta/ Estadão
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A bandeira do clube rubro-negro foi colocada em posição deluto em frente ao CT Foto: Fábio Motta/ Estadão
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O Flamengo faz um levantamento de quantas pessoas estavam no local durante o incêndio. Foto: REUTERS/Ricardo Moraes
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Os feridos foram levados para oHospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca Foto: REUTERS/Ricardo Moraes
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O governador do Rio, Wilson Witzel, vai decretar três dias de luto no Estado do Rio de Janeiro. Foto: REUTERS/Ricardo Moraes
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Imagens aéreasmostraram uma parte da área do CT completamente destruída pelo fogo. Foto: Fábio Motta/ Estadão
Ninho do Urubu
O CT doFlamengonão estava com a documentação regularizada junto ao Corpo de Bombeiros. Foto: Fábio Motta/ Estadão
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Presidente do Flamengo, Landim conforta familiares de vítimas e diz que tragédia é a maior da história do clube Foto: Fábio Motta/ Estadão
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O goleiroChristiané a primeira vítima fatal identificada,de 15 anos. A segunda vítima é Arthur Vinícius, zagueirode 14 anos. O terceiro corpo identifi... Foto: Fábio Motta/ EstadãoMais
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Familiares e amigos de jogadores da base do clube foram para o CT e para o hospital desesperados, em busca de maiores informações. Foto: Fábio Motta/ Estadão
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Os três feridos tiveram seus nomes divulgados. A situação mais grave é deJonathan Cruz Ventura, de 15 anos. Ele teve cerca de 30% a 35% do corpo queim... Foto: Fábio Motta/ EstadãoMais
Na opinião do consultor em gerenciamento de riscos Marcelo Augusto Souza, o maior problema não foi a escolha pelo contêiner, mas sim a falta de medidas simples. "Se tivesse sensores de temperatura com uma sirene, existiria tempo para fugir. Mas a fumaça tomou conta do espaço antes mesmo de qualquer reação", explicou o especialista, que trabalha há 20 anos na área.
Segundo o consultor, a fiscalização do poder público sobre incêndios costuma ser falha. "Nunca vai se estar 100% seguro contra o fogo. No máximo se pode diminuir a probabilidade de que algo grave aconteça", afirmou.