Estádios se firmam como pontos turísticos

Maracanã e Allianz Parque atraem cada vez mais visitantes

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Por Gonçalo Junior
3 min de leitura

Mesmo com o sol de rachar mamona na quinta-feira, o publicitário Rafael Anias deixou a litorânea Bertioga e subiu a serra. Em sua opinião, valeu a pena fazer a rota contrária dos turistas e conhecer o Allianz Parque. “Eu me sinto honrado de estar no estádio”. Os relatos de viagem de Rafael já não são tão absurdos, e os estádios começam a entrar na lista dos pontos turísticos de cada cidade. 

O Maracanã é o caso mais concreto. O estádio é o terceiro ponto turístico mais visitado do Rio, atrás do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar. Em 2015, mais de 240 mil pessoas já visitaram o estádio mais famoso do Brasil, com um aumento de 15% depois da Copa do Mundo. “Existe um interesse grande para conhecer os bastidores e áreas exclusivas”, conta Viviane Campano, diretora de Eventos do Maracanã. 

Os números de visitação desmentem a ideia de que só os estrangeiros visitam a arena carioca. Em 2015, o porcentual de brasileiros que vão ao Maraca gira em torno de 60 a 70%. No Rio Grande do Sul, a Arena Grêmio superou o interesse inicial após a reforma e continua com média mensal de cinco mil visitantes.

Sem a vocação turística dos vizinhos, as arenas paulistas têm números mais modestos. O interesse pela nova casa do Palmeiras já atraiu 28 mil visitantes neste ano, são mais de dois mil por mês. O advogado Fernando Maldonado (corintiano) foi ao Allianz acompanhar a namorada (palmeirense). “Quem vem a São Paulo tem curiosidade de conhecer os estádios. A rivalidade não importa, mas depois ela vai comigo à Itaquera”, jura o paranaense. 

Maldonado vai demorar para dar o troco, porque a Arena Corinthians não tem um tour. Lucio Blanco, gerente de Operações, explica que o clube aguarda a finalização das obras para começar a receber seus fãs. Isso deve acontecer ainda este ano. 

O Morumbi recebe mil a dois mil visitantes por mês. Na visão de Rogério Botasso, diretor da Passaporte FC, parceira do São Paulo no Morumbi Tour, esses números podem crescer. “São Paulo não é uma cidade turística. Vivemos uma realidade diferente do Rio de Janeiro”, avalia. “Os números estão evoluindo, mas o estado ainda tem um grande potencial”, concorda Bruno Paste, diretor da agência Futebol Tour, parceira do Palmeiras e de mais oito clubes. 

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Outra particularidade do mercado paulista é a diferença do preço dos ingressos do tour e do dia de jogos. Enquanto nos outros estados o preço fica elas por elas (cerca de R$ 30), ou até mais barato como na Arena Fonte Nova e na Arena das Dunas (R$ 20), o bolso paulista reclama. O Palmeiras, por exemplo, é dono do maior ticket médio no Campeonato Brasileiro (R$ 70). Visitar o Allianz Parque fora dos dias de jogos sai por menos da metade do preço. 

Os roteiros são bem parecidos em todos os estádios. O tour passa pelas cabines de imprensa, camarotes, cadeiras, sala de coletivas, zona mista, túnel de acesso e banco de reservas. Os pontos altos são o vestiário e, obviamente, o gramado. O percurso guarda algumas surpresas, como a exibição de um vídeo no vestiário e o som da torcida no túnel de acesso. “Fiquei emocionado”, disse Wendel Magalhães, mineiro de Ubá olhando o vazio do estádio do Palmeiras. 

A visita no Maracanã fala com todas as torcidas. Os torcedores encontram a estátua do Zico, artilheiro do estádio com 333 gols, e passa pelos pés do vascaíno Roberto Dinamite. Estão lá também a bola, trave e rede do gol mil de Pelé. No ano que vem, por causa dos Jogos 2016, até os clubes esperam aumentar a visitação. O Fla Experience, visita ao memória de conquistas do Flamengo, espera um crescimento de 200% por causa do aumento do número de turistas na cidade.