PUBLICIDADE

Publicidade

‘Eu precisava de uma chance. E aproveitei’, diz Fernandinho

Volante fala sobre como soube esperar pela convocação e de como lutará para ser titular

Foto do author Almir Leite
Por Almir Leite
Atualização:

RIO - Fernandinho garantiu um lugar na seleção brasileira, e na Copa do Mundo, aos 45 minutos do segundo tempo. Foi o último jogador a ser testado - no amistoso de março contra a África do Sul - e aprovado. Mas o volante do Manchester City, no íntimo, sabia que estaria no Mundial. Bastaria ter uma oportunidade. "Foi a chance de ouro. Acho que aproveitei bem."O próximo passo, Fernandinho já traçou: ser titular na Copa. Sabe que Felipão já tem uma equipe-base, mas confia na história, e claro no seu futebol, para garantir um vaga entre os 11. "Eu me baseio no que aconteceu nas Copas passadas", disse ao Estado. "As equipes que terminaram nunca foram as que começaram", completa confiante o jogador de 29 anos.ESTADO - Você garantiu vaga no jogo com a África do Sul, em março. Em cima da hora, portanto. Tem algum significado extra?FERNANDINHO - Foi a oportunidade que eu queria, a chance de ouro. Acredito que aproveitei bem. Essa convocação é o auge da minha carreira, da minha forma como jogador. Tudo aquilo que eu almejava chegar um dia. Hoje aquela coisa que eu sonhei por tanto tempo, desde quando era criança, se tornou uma realidade.ESTADO - Tinha consciência de que estava sendo observado, mesmo quando jogava no Shakhtar Donetsk (Ucrânia)?FERNANDINHO - Sempre tive essa consciência. O Shakhtar acabou se tornando um dos melhores times do Leste Europeu. Teve boas participações na Liga dos Campeões, um ano ganhou a Copa da Uefa (Liga Europa)... Isso acaba chamando a atenção de todo mundo e o Felipão sabia que naquela região tem bons jogadores.ESTADO - A convocação demorou a chegar. Você ficou muito ansioso?FERNANDINHO - À medida que o tempo ia passando, claro que a ansiedade ia aumentando. Em setembro teve uma convocação, em outubro e novembro. E eu passei todo esse tempo sem ser convocado. Então, teria somente uma convocação para poder jogar, mostrar o futebol que eu vinha jogando na Inglaterra. A preocupação bateu sim. Mas, no fundinho, sabia que pelo menos uma chance eu teria. O tempo foi passando, nós chegamos em 2014, e só tinha mais uma convocação (para o amistoso contra a África do Sul). Eu disse para mim mesmo: ‘Nessa, eu vou ser convocado’. Pela maneira como eu vinha jogando no City isso me deu confiança.ESTADO - Você trocou a Ucrânia pela Inglaterra pensando na seleção?FERNANDINHO - Também. Após oito anos na Ucrânia, onde tive mais sucesso do que decepção, eu precisava provar uma coisa diferente também, jogar um campeonato diferente, num clube diferente. Queria coisas novas. A Inglaterra para mim foi um lugar perfeito. Também pensava em voltar à seleção e principalmente disputar a Copa do Mundo. Esse era o objetivo principal.ESTADO - Como foi sua conversa com Felipão ao se apresentar em Johannesburgo?FERNANDINHO - Ele foi bem claro comigo no dia do amistoso contra a África do Sul. Estou te dando um teste agora, vou te avaliar e se na convocação do dia 7 (de maio) eu achar que você tem condições, vou te convocar. Isso para mim ficou muito claro e muito bem explicado.ESTADO - Como imagina que será o clima para a seleção?FERNANDINHO - Por parte da torcida, do povo brasileiro, acho que será de muita festa, de muita empolgação porque receber uma Copa do Mundo, por mais problemas que o país tenha, mesmo com tudo que o Brasil está passando, eu acredito que todo mundo tem consciência de que é uma festa receber uma Copa. Ainda mais nós, brasileiros, que somos pentacampeões do mundo. Mas nós, jogadores, temos de ter a consciência de que a concentração precisa ser total. A gente tem de deixar essa parte de empolgação e festa para a torcida. Temos de nos concentrar, nos preparar, para estar muito bem no dia da estreia e para os outros jogos.ESTADO - Analise nossos adversários?FERNANDINHO - A Croácia é muito bem montada. Vem jogando com praticamente os mesmos jogadores há muito tempo. Eu joguei com o capitão croata (o zagueiro Srna). Tem o Eduardo da Silva, que foi meu companheiro no Shakhtar. É uma seleção que tem muitos bons jogadores, é perigosa, tem de tomar muito cuidado com ela, que ela tem um estilo de jogo de ataque. O México tem jogadores rápidos, velozes. Tem um jogador de ataque que é extremamente perigoso, que é o Chicharito. Requer total atenção, porque pode decidir um jogo numa bola. Camarões é uma daquelas seleções africanas que você tem de estar com atenção redobrada a todo momento. Eles têm aquela forma de jogar que é a força física, velozes, gostam de improvisar de todas as maneiras quando estão com a bola nos pés.ESTADO - E as adversárias na disputa do título?FERNANDINHO - Eu coloco as seleções sul-americanas, Argentina e Uruguai acima das outras, e as tradicionais seleções europeias. Itália, Espanha, a Alemanha tem feito um ótimo trabalho nos últimos anos. A Inglaterra, mesmo muito desacreditada por seus torcedores, tem um time forte, ótimos jogadores. Eu acho que a surpresa talvez seja a Bélgica, pelo time que tem, pela força e qualidade de seus jogadores. É uma seleção jovem, mas são jogadores muito talentosos, ambiciosos, acredito que vão fazer uma bela Copa. ESTADO - A possibilidade de pegar a Espanha ou a Holanda nas oitavas preocupa ou é indiferente?FERNANDINHO - A Espanha é pauleira sempre, independentemente da fase que enfrente. Se o Brasil enfrentar a Espanha nas oitavas, acredito que o adversário que passar desse confronto é um forte candidato ao título porque vai ganhar moral e com certeza vai aumentar muito o futebol que estará jogando.ESTADO - O primeiro passo você deu. O seguinte é obter um lugar entre os titulares. Como conseguir?FERNANDINHO - Agora é começar os treinamentos, me preparar bem. Nós teremos dois amistosos antes do início da Copa do Mundo. Claro que o Felipão já tem uma base, já tem mais ou menos uma ideia do time que vai estrear na Copa. Mas eu me baseio no que aconteceu nas Copas passadas. As equipes que terminaram nunca foram as que começaram. Em 1994 foi assim, em 1998, 2002. Então isso me dá uma esperança a mais para chegar e batalhar por um lugar no time titular no decorrer da competição.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.