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Europa: destino dos melhores do futsal

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Por Agencia Estado
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A final entre Itália e Espanha no Mundial de Futsal da Fifa, em Taipé, capital de Taiwan, não chegou a ser surpresa, nem afronta ao futebol brasileiro: os dois países são o grande destino de jogadores brasileiros, segundo pesquisa da Federação Paulista de Futsal, em 2002, quando havia 1.038 no Exterior, sendo 242 na Itália (92 naturalizados) e 247 na Espanha. Ontem, a Espanha reteve o título de campeã mundial, com 2 a 1 (gols de Kike e Marcelo, e um do brasileiro Zanetti para a Itália, que teve 12 brasileiros naturalizados, de seus 14). O Brasil ficou com o bronze, com 7 a 4 sobre a Argentina, com três gols de Falcão (chuteira de ouro do Mundial como artilheiro: 13 gols em oito partidas), dois de Schumacher, Euler e Índio (chuteira de prata, com dez gols), contra dois de Sánchez e dois de Giustozzi. "Todo ano vão muitos para a Europa. A concorrência é desleal. Nesta semana, perdi dois jogadores. Um, de 19 anos, vai ganhar 3,5 mil euros, um belo salário", conta Ricardo Gonçalves Garcia Jr., o "Xepa", técnico do São Paulo. Jogadores com ascendência italiana são os preferidos. "Foi por isso que jogadores aqui chamados de Vinicius (ex-GM), Dudu (ex-São Paulo) e Seco (ex-GM), se tornaram no Bacaro, Morgado e Zanetti", enumera Xepa. A força dos campeonatos europeus tem explicação. Douglas Pierrotti, ex-Seleção Brasileira nos anos 80, trabalha no futsal italiano. É técnico do CVS de Chieti, perto de Nápoles. "Aqui o campeonato é muito organizado. Os times sempre têm o apoio de uma empresa e adotam uma cidade. A minha é pequena, mas a torcida sempre comparece", conta. O time de Douglas tem sete brasileiros e sete italianos. "E é muito jovem. Jogamos a Série B e lideramos o grupo. São dois grupos e o campeão de cada um sobe direto à Série A. É muito parecido com o futebol de campo. Infelizmente temos de trabalhar aqui na Europa, porque no Brasil é muito difícil as equipes encontrarem patrocinadores fortes", lamenta Douglas. Hoje a força do futsal brasileiro está no Sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm as melhores estruturas de futsal e pagam os maiores salários. Um jogador de ponta no salão recebe entre R$ 5 mil e R$ 20 mil mensais. "Como no campo, há muita ilusão. São poucos os que ganham um ótimo salário e muitos que ganham pouco", diz Xepa. O ala Falcão, da Seleção Brasileira é uma das exceções. Há boatos de que tem proposta de um time espanhol por 20 mil mensais (mais de R$ 72 mil). Risco - Os bons salários do futsal já permitem que o jogador fique na bola pesada, como é o caso de Leandrinho, ala do Corinthians. "Recebi convites para fazer testes no futebol de campo, mas não tenho confiança. Ganho um bom salário jogando salão e tenho um nome. Se tentar o campo, tenho de fazer testes, não recebo salários e não sei se terei chances de ser contratado. Não tenho empresário e pode fazer a diferença. É difícil trocar o certo pelo incerto", pondera o jogador de 22 anos, com convite para treinar junto com o time profissional de campo do Corinthians.

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