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Fan Fest tira moradia de estudantes da Universidade de Moscou

Ação gerou protestos por parte dos estudantes, que também reclamam dos danos ambientais causados pela obra

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Foto do author Gonçalo Junior
Por , Gonçalo Junior e enviados especiais a Moscou
Atualização:

Estudantes da Universidade Estatal de Moscou tiveram de deixar suas moradias no campus no mês de maio para a construção de uma Fan Fest, instalação da Fifa que reúne o público nos grandes jogos da Copa. A ação gerou inúmeros protestos estudantis, mas não há previsão de retorno, pois o local deve ser entregue à iniciativa privada após o Mundial. A Fan Fest deverá ser um dos grandes pontos de celebração da estreia da Rússia na Copa, quinta-feira, contra a Arábia Saudita. A Fifa espera receber 40 mil pessoas no local.

Os estudantes também reclamaram dos danos ambientais causados pela obra, em um local que era dedicado para os cursos de Ciências Naturais. Por fim, o movimento aponta indícios de superfaturamento. O orçamento inicial da Fan Fest foi de 100 milhões de rublos (R$ 6 milhões), mas a obra chegou a 2,4 bilhões de rublos (R$ 150 milhões). A reitoria da universidade e o Comitê Organizador Local não atenderam aos pedidos de esclarecimentos do Estado.

Sede da universidade em Moscou que perdeu alojamento para a Copa. Foto: Everton Oliveira/Estadão

Não existem informações precisas sobre o número de estudantes que perderam a moradia, pois o tema virou assunto proibido em Moscou. “Você está louco, não vou falar sobre isso”, disse um estudante questionado na entrada da universidade. “Procuro focar apenas nos meus estudos. Não sei o que aconteceu”, desconversa Ruslan Bogateron, aluno da Mecânica. Sob a condição de anonimato, dois alunos afirmaram que três dos oito prédios de moradia do campus foram cedidos para a construção da Fan Fest.

Entre os meses de maio e junho, a universidade foi sacudida por inúmeros protestos. Em um deles, alunos de vários cursos deram o tradicional abraço simbólico no local da construção. Três estudantes do curso de Linguística chegaram a ser detidos pela polícia. O caso mais grave aconteceu com o aluno Dimitri Petelina, responsável por pichação em um dos banners. Ele ficou detido por um dia por ter escrito No to the Fan Fest (Não à Fan Fest) em um dos banners pregados no local.

Os alunos só foram liberados depois de assinarem algo como um termo circunstanciado, mas responde a processo criminal por vandalismo. O movimento ficou restrito à universidade e não conquistou o apoio de outras instituições. A universidade, conhecida como MGU, é a mais importante do País. Possui cerca de 1 milhão de metros quadrados e mil prédios e instalações. Hoje, são 12 mil alunos em centenas de cursos.

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Protestos costumam ser reprimidos com energia na era Putin, o grande fiador da Copa. Em maio, 1.597 manifestantes foram presos em 29 cidades por protestarem contra a posse do presidente. Dois meses antes, ele foi eleito para o quarto mandato com 76% dos votos.

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