Felipão apela para a superstição

Ao optar por ?vestir?? a seleção brasileira de azul no jogo de domingo, Scolari fez algo comum no futebol brasileiro: apelar para a superstição.

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Por Agencia Estado
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Ao optar por ?vestir?? a seleção brasileira de azul no jogo de domingo contra o Peru, em vez de utilizar a tradicional camisa amarela, o técnico Luiz Felipe Scolari fez algo comum no futebol brasileiro: apelar para a superstição. Há décadas que jogadores, dirigentes e treinadores têm suas crenças uma força extra na busca por seus objetivos e, garantem, sempre dá certo. Entre os técnicos brasileiros, um antecessor de Felipão é lembrança obrigatória quando se fala em superstição: Zagallo. O Velho Lobo é mundiamente conhecido por sua relação com o número 13, presença constante em suas camisas de trabalho e também bens materiais, como seus carros ? normalmente, têm placas com o número 1313. Outros treinadores dão grande importância à cor da camisa. Nesse caso, das camisas que vestem. Telê Santana, por exemplo, só dirigia o São Paulo na época do bicampeonato da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes vestindo camisas de cor vermelha. ?Se dá sorte, não há por que mudar??, disse certa vez Telê. Companheiro de Scolari na seleção, o coordenador-técnico Antônio Lopes teve os vários títulos que ganhou no comando do Vasco nos anos 90 relacionados à camisa de cor verde que vestia. Lopes, porém, desconversava sobre sua superstição. ?Se não traz sorte, também não tira??, costuma afirmar. Mas, por via das dúvidas, não abria mão do verde. A superstição sempre esteve presente na seleção brasileira. A camisa de cor amarela, por exemplo, foi adotada depois que o Brasil perdeu a Copa de 50. Substituiu a camisa branca, que passou a ser considerada por muitos uma cor ?maldita??. Outro episódio envolvendo a seleção ocorreu na Copa de 1958 e foi muito bem capitalizado pelo chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho. Ao saber que vários jogadores encararam como um ?mau agouro?? o fato de o Brasil ter de enfrentar a Suécia na final de camisas azuis, pois os antifriões tinham o direito de jogar de amarelo, ele usou toda a sua astúcia para reverter a situação. Reuniu os atletas para lembrá-los de que o ?azul é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida??. O resultado, todos conhecem. COMIGO NÃO ? Às vezes, porém, a superstição traz problemas e não tem influência alguma no resultado de jogos ou campeonatos. Felipão sabe muito bem disso, pois viveu uma experiência recente. Em 1998, após o Palmeiras perder cinco vezes seguidas para o Cruzeiro, inclusive a primeira partida da decisão da Copa Mercosul (por 2 a 1), quando o time mineiro jogou com camisas brancas, o treinador tentou fazer da superstição uma aliada. Aproveitou o fato de o segundo jogo estar marcado para o Palestra Itália e, como mandante, optou jogar com camisas brancas. Resultado: Palmeiras 3 a 1. ?Quebramos a superstição deles e vamos usar branco na terceira partida (também marcada no Palestra)?, planejou. No entanto, o presidente Mustafá Contursi achou a história uma bobagem e mandou a equipe jogar com camisas verdes. Felipão ficou uma fera, mas teve de odebecer. O Palmeiras ganhou por 1 a 0 e foi campeão. Há, também, quem nege ser supersticioso, apesar das evidências em contrário. Caso de Wanderley Luxemburgo, que não se cansa de falar em profissionalismo, mas que, nos anos em que se firmou como técnico de ponta, não dispensava os conselhos do místico Robério de Ogum nem abria mão de levar seus times para Atibaia às vésperas de partidas decisivas.

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