Felipão ganha confiança dos jogadores

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Por Agencia Estado
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Controvertido, grosso, exigente, xerifão, competente. Adjetivos para descrever o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, são muitos, tanto bons como maus. Mas a presença da equipe na Colômbia, para a disputa da Copa América, deixa claro que está surgindo uma nova definição para ele: "paizão". A forma consistente com que defende seus jogadores das críticas que recebem o tornou uma unanimidade dentro do grupo. Felipão é, hoje, a figura mais querida da delegação e o responsável pela classificação da equipe para as quartas-de-final como primeira colocada do Grupo B. E constatar isso não é difícil. A reação dos jogadores a cada gol marcado deixa claro quem eles querem agradecer. Todos correm para o banco de reservas e fazem questão de oferecer o primeiro abraço ao treinador. Guilherme, na partida contra o Peru, e Alex e Denílson, diante do Paraguai, já fizeram isso. "Pelo Felipão eu faço qualquer coisa", declarou Guilherme no final do último jogo, quando questionado se havia sido sacrificado por jogar no meio depois da expulsão do zagueiro Roque Júnior. O segredo de Scolari para ter o grupo nas mãos é simples. Ele aposta em uma dose considerável de motivação e psicologia, trabalho que faz questão de desenvolver pessoalmente. "Se eu não conseguir passar a mensagem para meus atletas, não é alguém do meu lado que vai fazer isso", é a resposta que costuma dar quando lhe perguntam se há necessidade da presença de um psicólogo para auxiliar o trabalho da comissão técnica. A isso, soma-se uma atitude firme de preservação e isolamento dos jogadores em relação aos problemas externos, sejam eles administrativos ou críticas que possam receber de jornalistas e torcedores. "É uma coisa interessante", disse o meia Juninho Paulista. "Ele (Scolari) abre uma espécie de asa sobre nós para proteger o grupo de questões externas. Isso nos dá uma tranqüilidade e uma sensação de segurança muito grande que ajudam a render mais no campo." Já o também meia Juninho Pernambucano disse acreditar que a atitude enérgica de Felipão é um fator de motivação para o elenco. Seria aquilo que, no meio futebolístico, é chamado de ´um treinador que joga junto com o time´. "O Felipão passa muita confiança para nós", disse. "Ele vibra muito e isso acaba contagiando todo mundo." O trabalho de Scolari, agora, é devolver e, sobretudo, manter a auto-estima dos atletas em alta. Para isso, definiu metas a serem cumpridas. Pela ordem: resultados positivos que mostrem que o time é capaz de ser vencedor e, com isso, lhe devolva a confiança. "Primeiro o arroz com feijão para encher a barriga e fazer o básico, que é alimentar", afirmou o técnico. "Depois podemos pensar em uma saladinha, uma entrada e, então, uma sobremesa, que seria a Copa do Mundo." Confiança - Ao contrário de seus antecessores, Scolari está conseguindo ganhar a confiança de seus jogadores deixando de lado o comportamento de professor rígido. Tanto Emerson Leão, como Wanderley Luxemburgo, faziam questão de repartir a responsabilidade pelas derrotas com os atletas, independentemente se eram estrelas consagradas ou jovens revelações. Já Felipão insiste em dizer que a seleção só poderá ser cobrada por resultados quando ele tiver nas mãos todos os jogadores disponíveis, sem problemas de contusão ou liberação de clubes. "Agora temos um grupo de emergência", observou. "Mas não aceito quando dizem que não é o principal. No atual contexto, essa equipe é a melhor que temos."

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