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Ferroviária renasce como empresa

Por Agencia Estado
Atualização:

Atolada em dívidas e cada vez mais ameaçada de fechar, a diretoria da Associação Ferroviária de Esporte abriu mão de seu departamento de futebol e, desde dezembro de 2003, um grupo de acionistas fundou a Ferroviária Futebol S/A. Foi a saída encontrada para não deixar desaparecer a tradicional equipe de Araraquara. "Nos dias de hoje, essa é a única solução. O futebol é um saco sem fundo e todo ano tínhamos de passar o chapéu pedindo a colaboração das mesmas empresas de sempre. Só que muito dos colaboradores alegavam não querer ajudar por não gostar da diretoria que estava no comando. A política interna do clube acabava prejudicando as negociações", conta o diretor-administrativo e financeiro do clube, Bruno José Opice de Mattos. O projeto de transformar a Ferroviária em S/A partiu do prefeito de Araraquara - e torcedor fanático -, Edinho Silva. "Usamos a influência para persuadir as empresas a ajudar. No total, são 12 acionistas e mais a publicidade na camisa da equipe." Como Sociedade Anônima, os acionistas escolhem, em assembléia, uma diretoria para comandar o projeto. Nesse caso, o mandato do "presidente" é anual. Desde a criação da Ferroviária Futebol S/A, a empresa está sendo presidida por Valdir Massucato. "No entanto, ele deixou claro que não poderá continuar à frente da Ferroviária. Por enquanto, ninguém se ofereceu para a assumir", informa Opice. Fundada em 1950, a Ferroviária atravessava grave crise financeira, sem condições de sobreviver somente das mensalidades dos sócios. Segundo Opice, o clube chegou a ter 10 mil associados. Nos últimos dez anos, esse número caiu para 3 mil e, ultimamente, lutava para se manter com apenas 150. "O clube não tinha condições nem de pagar a conta de luz. Só de luz, eram R$ 8 mil por mês", revela o diretor administrativo. "A Ferroviária não tinha mais crédito com ninguém aqui em Araraquara. Não conseguia comprar um prego sem pagar à vista. O rombo orçamentário era de cerca de R$ 3,5 milhões. E, para "zerar" esse saldo, a prefeitura está comprando o estádio (Fonte Luminosa) e negociará parte dele para bancar esse montante." Como Ferroviária Futebol S/A, a empresa quer resgatar a tradição do clube. Os objetivos estão definidos: formar uma boa categoria de base, revelar jovens talentos e tirar a equipe da Série A-3 do Campeonato Paulista. "Os jovens estavam saindo de Araraquara para tentar a sorte em Matão, Itápolis...", lamenta Opice. Mas este ano as coisas não estão caminhando tão bem. Após conquistar o acesso da Série B-1, no ano passado, a equipe passa por apuros na Série A-3. A campanha está aquém da expectativa dos diretores e torcedores. Em oito rodadas, a Ferroviária soma 11 pontos e ocupa a sexta colocação do Grupo 1. O péssimo começo de ano culminou com a dispensa do técnico Márcio Ribeiro. Desde a terceira rodada, o técnico é Carlos Rossi, que já trabalhou no Mogi Mirim, Olímpia, XV de Piracicaba e até no futebol tailandês. Oito atletas foram contratados na semana passada, antes de serem encerradas as inscrições. Os mais conhecidos são Paulo Krauss e Paulo Mattos, emprestados pelo São Paulo. "Temos ainda 21 pontos a disputar nesse returno. É possível tirar a Ferroviária desta situação. Ela não merece estar na Série A-3", confia Bruno José Opice.

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