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FGV recomenda mudança total na CBF

Por Agencia Estado
Atualização:

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) está iniciando a segunda fase do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro com recomendações bem claras à Confederação Brasileira de Futebol (CBF): a entidade precisa ter mais transparência e criar códigos de ética para as relações com patrocinadores, federações estaduais e governo. Em maio de 2000, a CBF e a Fifa contrataram a FGV, por R$ 800 mil, para um amplo estudo sobre o futebol no País. Após uma fase de levantamentos de dados sobre aspectos culturais e econômicos em torno do universo do futebol, abrangendo também a estrutura de clubes e entidades administrativas, entre outros assuntos, a FGV concluiu, por exemplo, que 30 milhões de pessoas praticam futebol no País, em 5 milhões de locais, desde campos de várzea em regiões remotas até os principais estádios do Brasil. No estudo relativo aos recursos financeiros, a FGV observou que a ausência de investidores se deve, em grande parte, à falta de credibilidade nas competições, "decorrente de fatores políticos, como o sistema de acesso e descenso , arbitragem, etc." Um outro fator importante, nesse item, diz respeito às dificuldades de sobrevivência para os clubes de pequeno e médio porte (são mais de 700), entregues à própria sorte durante mais da metade do ano, porque só estão envolvidos em competições regionais de curto prazo. A FGV também aponta a falta de qualificação de dirigentes e dos árbitros como um sintoma da crise do futebol brasileiro. E faz outra constatação relacionada à CBF: a de que está mais interessada em seleções nacionais e nos patrocinadores, "em detrimento dos clubes e campeonatos". Para a FGV, a estrutura atual do "sistema CBF" é cara e ineficiente. Os pesquisadores da fundação detectaram ainda falta de profissionalismo na gestão das federações estaduais. A análise crítica atingiu o Clube dos Treze. Segundo a FGV, a entidade carece de uma definição clara de seus papéis, o que é extensivo à CBF e às federações. Há informações curiosas que podem ser extraídas do trabalho. O Brasil, por exemplo, produz 6 milhões de bolas de couro e fabrica 3,3 milhões de chuteiras para futebol de campo, por ano. Uma das propostas da FGV à CBF é a de criação de um ranking nacional de clubes, o que possibilitaria uma escolha mais criteriosa para a composição de campeonatos brasileiros. O encaminhamento e a concretização das recomendações depende agora da própria CBF. O presidente da entidade, Ricardo Teixeira, participou da exposição dos pesquisadores da FGV, Cesar Campos e Bianor Scelza Cavalcante, sobre o estudo. No final, recusou-se a dar entrevista, certamente para evitar perguntas sobre as investigações na CPI da CBF/Nike a respeito de supostas irregularidades de sua administração na CBF.

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