
20 de outubro de 2015 | 10h06
Vivendo sua pior crise da história, a Fifa apresentou nesta terça-feira uma reforma completa de sua constituição, criando até mesmo limite de idade para dirigentes, a publicação de salários e o fim do Comitê Executivo da Fifa. A entidade colocará a proposta à votação em fevereiro, na maior mudança na organização em 111 anos.
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Nesta terça-feira, a Fifa se reuniu pela primeira vez desde 1998 sem Joseph Blatter. Na agenda, o debate da mais completa revisão das regras da entidade que foi alvo de um golpe duro de polícias pelo mundo.
Pela proposta, dirigentes não poderiam ficar mais de doze anos como presidente da Fifa. A idade máxima para um cartola seria de 74 anos e ele seria obrigado a divulgar seu salário. Os autores da proposta querem o fim de reinados, como o de João Havelange de 24 anos e de Blatter, de 17 anos.
zOutra medida será o fim do Comitê Executivo da Fifa, hoje composto por 24 pessoas e que é o verdadeiro governo do futebol mundial. A partir de 2016, a Fifa terá um Conselho, com membros eleitos por todas as 209 federações nacionais. Todos ainda teriam de passar por um exame de integridade, com verificações se contam ou não com investigações contra eles.
Ao Conselho seria adicionado um Comitê Técnico, o que permitiria separar o lado político da gestão administrativa da entidade. A meta é uma organização mais "transparente." Todos os debates sobre contratos, direitos de televisão e outros elementos administrativos passariam por esse grupo, e não pelos cartolas.
Haveria ainda um comitê independente que teria o controle sobre as finanças da Fifa e com a função de elaborar orçamentos. A proposta também fala em uma auditoria totalmente independente da estrutura da entidade. A meta é a de garantir que os contratos mais lucrativos para a Fifa sejam assinados, e não aqueles que tragam benefícios pessoais aos dirigentes.DINHEIRO
Outra medida anunciada é a publicação de todos os salários na Fifa, do presidente ao seus dirigentes e funcionários, inclusive pelo secretário-geral. Os salários terão de ser aprovados por auditorias independentes. O grupo ainda pede uma mudança profunda na cultura da organização, apelando para "humildade, responsabilidade e respeito". Apesar disso, a Fifa se recusou a dar uma coletiva de imprensa para explicar suas medidas.
PLATINI
Durante a reunião, a Fifa ainda manteve em suspenso o futuro de Michel Platini, candidato à presidência da entidade. A organização, que o suspendeu por 90 dias, permitiu que sua postulação fosse recebida. Mas alertou que apenas vai dar um sinal verde para sua candidatura uma vez que sua suspensão seja retirada.
Nesse momento, a auditoria da Fifa examinaria se ele poderia concorrer e, até la, ele não pode fazer campanha. Na prática, a Fifa congela seu caso e mantém a indefinição.
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