A Fifa abriu investigações sobre a briga entre brasileiros e chilenos no intervalo do jogo válido pelas oitavas de final e, com base em um vídeo, não descarta a punição de jogadores. A entidade não revela o nome dos envolvidos e tenta abafar o caso. A postura é radicalmente diferente ao caso do uruguaio Luis Suárez, afastado do futebol por quatro meses por uma mordida.
Nesta segunda-feira, a entidade anunciou que Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF, foi suspenso por um jogo por causa do soco que deu no atacante chileno Maurício Pinilla. A Fifa levou dois dias para tornar pública a informação de que Paiva havia sido expulso no sábado. Agora, a entidae investiga a suspeita de que o problema teria começado em campo e envolvendo Fred. Mas a ordem é silêncio total. De um lado, a Fifa precisa ser coerente e manter punições duras, depois da sanção contra Suárez. Mas, ao mesmo tempo, sabe do impacto que seria suspender jogadores brasileiros, faltando três jogos para a final.
A estratégia, portanto, é de abafar o caso. No domingo, a Fifa apenas indicou que o Comitê de Disciplina estava avaliando o caso e não revelou que Paiva havia sido expulso da partida. A assessora de imprensa da Fifa, Delia Fischer, insistiu que Paiva não era o único envolvido na confusão. "Não singularizem ele", recomendou aos jornalistas. Segundo ela, "tudo" seria avaliado.
As imagens da confusão foram entregues aos juízes, que tentariam determinar quem estava envolvido. A informação inicial era de que "várias" pessoas estavam envolvidas.No início da noite de domingo, a Fifa voltou a confirmar por e-mail ao Estado que não tinha "nenhuma novidade" sobre o caso.
A tentativa de dar a mínima visibilidade possível ao caso continuou nesta segunda-feira. Ao iniciar a coletiva de imprensa diária no Maracanã, a Fifa fez uma "atualização" das decisões do Comitê de Disciplina e citou apenas a suspensão de um jogador belga. Foi apenas quando a coletiva de imprensa se encaminhava para o fim que um repórter questionou se havia alguma novidade sobre a briga do jogo entre Chile e Brasil. Então, Fischer puxou um papel e leu uma declaração em que confirmava a abertura de uma investigação formal contra Rodrigo Paiva e a suspensão por um jogo.
Ao ser questionada por que não deu a informação sobre a expulsão no dia seguinte do incidente, a Fifa afirmou que "não sabia". Questionada ainda porque não deu a informação ao mesmo tempo que a atualização dos outros casos de disciplina, a assessora respondeu: "Porque eu sabia que alguém iria perguntar". "Não precisava dar toda a informação de uma vez". O Estado ainda perguntou em três ocasiões qual teria sido o motivo da expulsão de Paiva. Depois de um silêncio e com uma voz mais baixa, Fischer disse: "ele deu um soco".
O comportamento da Fifa sobre o Brasil foi radicalmente diferente do que fez durante o caso Suárez. No mesmo dia da mordida do jogador uruguaio, um vice-presidente exigiu punição severa. A Fifa confirmou abertura de investigação e, num e-mail enviado após a meia-noite, já dava detalhes do processo. Toda a cúpula da entidade ainda fez questão de comentar o caso e aplaudir a punição.
Pinilla, por meio de sua conta no Twitter, criticou a posição da Fifa. "Exijo da Fifa uma sanção exemplar para Rodrigo Paiva igual ao que foi dada ao meu colega Luis Suárez. Isso é mais grave ainda. As imagens estão aí", disse. "É um delinquente esse Paiva. Não se entende o castigo ridículo", afirmou."Suárez, por uma mordida, arrisca sua carreira. A um chefe de imprensa uma partida por um soco na cara? Fifa?", questionou o chileno. "Uma partida para Rodrigo Paiva? Vergonha, teriam de ter por esse delinquente fantasiado de terno", completou.