Fifa pede que Brasil mantenha compromissos

Entidade teme que, com a seleção fora da disputa pelo título, autoridades locais deem menos importância à Copa

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Por Redação
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Não tinha nem acabado o primeiro tempo e os operadores da Fifa já entraram em contato com as autoridades brasileiras para fazer um apelo: que o governo desse garantias de que as operações e os compromissos para a realização do Mundial sejam mantidos, mesmo sem o Brasil na grande final e diante de um colapso que vai afetar o 'clima de Copa' do País. A Fifa também pediu maior segurança e, na terça-feira mesmo, um reforço da tropa de choque foi enviada ao Copacabana Palace, hotel que serve de sede para a Fifa no Rio. O Estado apurou que os contatos começaram ainda quando o jogo estava 4 a 0 para a Alemanha. A Copa entra em sua fase mais importante, quando a audiência cresce ainda mais. O esquema de segurança é reforçado e os desembarques de chefes de Estado e de convidados vips exigem um esquema detalhado e que envolvem uma participação ativa das autoridades. 

Após pedidos de dirigentes da Fifa, segurança do Copacabana Palace foi reforçada Foto: Hassan Ammar/AP

Para a final, que será disputada no Maracanã, no domingo, o governo e a Fifa já esperavam mais de 20 chefes de Estado e a esperança era de transformar o camarote do Maracanã em um palanque internacional para as autoridades. Agora, a derrota humilhante do Brasil será parte da conversa, de forma inevitável. O temor da Fifa era de que as autoridades locais e federais deixassem de lado parte dos esforços públicos e que políticos fizessem "corpo mole" diante de uma organização que criou já muitos inimigos dentro da administração pública. Não foram poucos os momentos em que Joseph Blatter, presidente da Fifa, indicou que o Brasil estava "mais preocupado em ganhar a Copa que em organizá-la". José Maria Marin, presidente da CBF, disse em 2013 que sua meta não era construir estádio, mas ganhar a Copa. Neste ano, ele ainda completou: "Vamos todos para o inferno se o Brasil não ganhar". SEGURANÇA Durante a competição, existia o temor de que uma eliminação precoce do Brasil transformasse a Copa do Mundo e deixasse brechas para a volta das manifestações. Uma situação mais dramática teria sido a eliminação nas oitavas de final, quando a seleção ficou próxima de cair diante do Chile. Naquele momento, o temor era de que a ausência do time da casa durante duas semanas do Mundial criasse um espaço "perigoso" para alimentar o retorno de manifestações. Agora, o Brasil tem ainda mais um jogo - o da disputa do terceiro lugar. Mas ninguém na Fifa tem qualquer dúvida de que a Copa acabou para o País. Nas horas que se seguiram ao apito final, Copacabana registrou várias brigas, arrastão e tentativa de assaltos. Na porta da sede da Fifa, a segurança foi reforçada e deve ser assim até domingo. Em termos financeiros, os grandes contratos já estão fechados e, em quatro anos, a entidade acumulou uma renda de US$ 4,5 bilhões, a maior da história com um Mundial. Mas o que a queda brasileira promete afetar é a capacidade de manter o interesse de patrocinadores locais e mesmo das televisões de manter a extensa cobertura sobre o evento durante toda uma semana. Uma percepção da Fifa é de que o brasileiro acompanha basicamente a sua seleção, e não outras seleções. Num dos informes internos da entidade, os dirigentes se surpreenderam que, enquanto Holanda e Espanha estavam jogando, crianças na cidade não estavam assistindo à partida, mas sim jogando bola em um terreno. 

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