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Fifa anuncia suspensão de seus dois vice-presidentes por 90 dias

Juan Napout e Alfredo Hawit foram presos em Zurique na quinta

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Por Jamil Chade e correspondente em Zurique
Atualização:

A Fifa anunciou a suspensão de seus dois vice-presidentes, Juan Napout, e Alfredo Hawit, por um período de 90 dias. Ontem, eles foram presos em Zurique a pedido dos EUA, que os acusam de corrupção e conspiração para fraudar. Por enquanto, porém, Marco Polo del Nero está apenas sendo investigado pelo Comitê de Ética da Fifa. O brasileiro também foi indiciado por corrupção.

Tanto Napout como Hawit vão agora aguardar a um longo processo de extradição aos EUA e que deve estar concluído apenas em meados de 2016. Para a Justiça dos EUA, praticamente todo o futebol sul-americano foi assolado por uma "corrupção sistemática". Esses cartolas teriam recebidos propinas para Copa Libertadores, Copa América, Eliminatórias para a Copa do Mundo, contratos comerciais e mesmo amistosos, no valor de US$ 200 milhões (R$ 750 milhões).

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No total, 16 pessoas foram indiciadas pelos americanos, com um profundo impacto nas Américas.O indiciamento inclui Juan Angel Napout (presidente da Conmebol), Manuel Burga (ex-presidente da Federação de Futebol do Peru), Carlos Chavez (Federação da Bolívia), Luis Chiriboga (Equador), Eduardo Deluca (secretário-geral da Conmebol), Jose Luis Meiszner (ex-secretário da Conmebol), Romer Osuna (auditor da Federação da Bolivia), além de Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

O indiciamento também acusou Alfredo Hawit (presidente da Concacaf), Ariel Alvarado (ex-presidente da Federação do Panamá), Rafael Callejas (ex-presidente da entidade de Honduras), Brayan Jimenez (presidente da Federação da Guatemala), Rafael Salguero (da Guatemala e membro da Fifa), Hector Trujillo (secretário-geral da Federação da Guatemala), Reynaldo Vasquez (ex-presidentee da Federação de El Salvador). 

Juntas, as operações policiais de maio e de dezembro abalam de forma profunda a administração do futebol da região. Presidentes ou ex-cartolas das federações do Chile, Colômbia, Bolívia, Brasil, Venezuela, Honduras e Costa Rica estão sob investigação. Empresários que controlavam o lado comercial do esporte na região e ainda intermediários também foram indiciados e nesta sexta-feira começam a ser julgados.

Na manhã desta quinta, a operaçåo foi realizada uma vez mais a partir de um pedido do FBI, encaminhado para a Suíça no dia 29 de novembro. "Diante de novas investigações pela Procuradoria dos EUA em Nova York, essas pessoas estão sob suspeitas de receber propinas", disse a Justiça da Suíça. "Os altos oficiais da Fifa são suspeitos de receber dinheiro em troca da venda de direitos de marketing em relação a torneios de futebol na América Latina, assim como jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo", indicou.

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As prisões ocorreram às 6 horas desta quinta-feira no hotel Baur au Lac. Esse foi o mesmo local onde, em 27 de maio de 2015, sete outros dirigentes foram detidos, entre eles José Maria Marin. Os cartolas estavam em Zurique para as reuniões do Comitê Executivo da entidade, que ocorreram na quinta. Eles são suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro e aguardam o processo de extradição para os EUA.

Segundo o Departamento de Polícia da Suíça, os dois dirigentes são acusados de receber milhões de dólares em propinas por contratos comerciais em torneios. 

Napout, ao Estado, havia insistido esta semana que queria "reformar a Conmebol" e que era "totalmente favorável à transparência". Adotando um tom de "reformador", ele insistia que "não renunciaria" e que a entidade sul-americana entrava em uma nova fase, depois das prisões dos ex-presidentes Eugênio Figueredo e Nicolás Leoz.

Hawit, na semana passada, declarou à imprensa de Honduras que era "um homem de Deus". Na noite anterior, Napout havia colocado seu melhor terno para ir a uma festa com cerca de 50 dirigentes no luxuoso restaurante Sonnenberg, de Zurique. A noite ainda acabou no bar do Baur au Lac, com bebidas pagas em dinheiro e com um suco de manga custando cerca de R$ 120 por copo.

 

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