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Fininho: à espera do perdão

Por Agencia Estado
Atualização:

Um mês depois de ter ofendido a torcida do Corinthians com gestos obscenos, erguendo os dois dedos médicos na direção das numeradas cobertas do Pacaembu, o lateral Fininho ainda não sabe como será o seu futuro. Enquanto aguarda a data do julgamento no tribunal de Justiça da CBF, ele passa a maior parte do tempo em casa, refletindo sobre a atitude grosseira. Nem treinar, o atleta pode mais. ?Aquilo mexeu muito com ele, deixou o Vinícius (Fininho) deprimido. Nem vontade de sair de casa ele tem mais?, diz a mãe, Sônia Pereira, que defende o filho. Daquele fatídico jogo contra o Sampaio Correia, muitas coisas mudaram na rotina da família Pereira. O jogador aproveitou a fase ruim para até dar um tempo no noivado de seis anos com Thaís. Sem vontade de sair ou namorar, passa o dia na Internet, vendo e revendo as matérias sobre o tal episódio. Está inconformado com o que fez. Pior. Não sabe mais o que fazer para apagar a má impressão deixada. ?Quem me conhece sabe que não sou assim. Mas já fiz o que podia para apagar a má impressão daquele gesto errado. Pedi desculpas publicamente para a torcida, admiti meu erro. Não sei mais o que fazer para ser perdoado.? O jogador também preferiu dar um tempo nas entrevistas. Suas explicações ficaram por conta de uma declaração feita no dia seguinte ao jogo com Sampaio Correia, sem direito a responder perguntas dos jornalistas. Acha melhor ficar quieto, aguardando um desfecho. Sua participação em programas esportivos de rádio e de tevê passou a ser controlada de perto pela assessoria de imprensa do clube e por seu empresário, Marcelo Djian. ?Tenho falado pouco porque acho que quanto menos aparecer, melhor para mim. Quero que a torcida e a mídia esqueçam o que aconteceu. Se eu ficar aparecendo, vão sempre lembrar a cena.? Afastado temporariamente do Corinthians, Fininho aguarda com expectativa o seu julgamento pela Tribunal de Justiça da CBF. Ele sabe que pode ser punido severamente, mas tenta não fazer dessa possibilidade uma pressão ainda maior. ?Se tiver a chance, faço questão de ir ao tribunal mostrar como eu sou. Quem me conhece sabe que não sou um ?bad boy?. Nesses dias difíceis, a família tem tido participação importante na recuperação emocional do único homem da família. A mãe Sônia e as nove mulheres de casa (três tias, seis primas, a irmã, a avó e a bisavó), todas corintianas, fazem revezamento ao lado do rapaz. ?Ninguém apoiou a atitude dele. Todo mundo aqui também acha que o Vinícius deve ser punido pelo erro, mas não execrado?, diz a mãe. ?Até porque esse tipo de atitude não faz parte de sua índole. O Vinícius é um menino educado, de boa formação. Mas que perdeu o controle naquela noite. Foi um ato isolado. Por isso mesmo, não vai faltar o apoio aqui de casa.? Mesmo convivendo com uma série de incertezas, uma coisa já está bem definida na cabeça do lateral: se tiver de enfrentar a torcida do Corinthians de novo, ele voltaria ao time imediatamente, sem problemas. ?Fugir dessa responsabilidade, eu não vou. Mesmo porque um dia vou ter de reencontrar a torcida. Sei que vai haver muita pressão, mas isso faz parte. Vou ter de encarar. Só não vou perder a cabeça de novo, prometo.? FLAMENGO - Se o seu futuro não for o Corinthians, poderá ser em um outro grande clube. Fininho pode seguir a mesma rota de Roger, outro lateral-esquerdo que se ?queimou? com a torcida e se reabilitou jogando pelo Flamengo. Ele confirma: ?já tive umas quatro propostas, mas se for para sair do Corinthians eu gostaria de jogar no Flamengo também, como fez o Roger.? Só o seu vínculo não será repassado ao clube carioca. Fininho tem contrato com o Corinthians até 2007. E apesar do momento delicado, no Parque São Jorge não se admite a hipótese de deixá-lo escapar. Por isso mesmo, Fininho pode jogar no Flamengo, mas continuará recebendo o seu salário do Corinthians. Pelo menos até a torcida esquecer o que ele fez.

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