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Flamengo quer indenizar famílias de vítimas de incêndio com o dobro da jurisprudência

Presidente afirma que rubro-negro quer dobrar valores de indenização praticados em casos semelhantes

Por Vinicius Neder
Atualização:

A diretoria do Flamengo insistirá em fechar indenizações para as famílias dos dez adolescentes mortos no incêndio no centro de treinamento do clube, há três semanas, com valores aquém do sugerido por representantes da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério Público Estadual (MPE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ). O presidente do clube, Rodolfo Landim, disse neste domingo que a intenção é pagar o dobro de indenizações definidas pelo Judiciário em casos semelhantes, mas não indicou valores.

Na primeira entrevista a jornalistas após o incêndio, que atingiu um contêiner usado como alojamento das categorias de base do futebol, no Ninho do Urubu, centro de treinamento localizado na zona oeste do Rio, Landim tratou o ocorrido como “fatalidade”, disse que a diretoria do Flamengo vinha concentrando sua atenção no atendimento às famílias e defendeu uma negociação caso a caso.

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, em primeira coletiva do clube após o incêndio no Ninho do Urubu. Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

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“O Flamengo está sempre empenhado a chegar a um acordo o mais rápido possível com essas famílias”, afirmou Landim, na sede do Flamengo, na Gávea, zona sul do Rio.

O valor das indenizações às famílias das vítimas tem sido objeto de polêmica. Após reuniões na terça e na quarta-feira, a procuradora Danielle Cramer, do MPT-RJ, informou que os representantes dos órgãos integrantes de uma Câmara de Conciliação criada para tratar do caso sugeriram ao Flamengo uma indenização de R$ 2 milhões por família. O clube teria oferecido 20% disso, entre R$ 300 mil e R$ 400 mil, conforme a procuradora.

No domingo, Landim evitou confirmar valores, mas disse que os números apresentados inicialmente pelo clube eram um “piso”. Landim e um advogado contratado pelo Flamengo alegaram preocupações com a privacidade e a segurança das famílias para manter valores sob sigilo.

“Foi um piso de discussão, que nós entendemos que é muito acima de toda e qualquer decisão que já aconteceu. O Flamengo quer equacionar isso, sim, com valores acima, mas com valores que são o dobro da jurisprudência, o que não significa que se alguém me pedir dez vezes, ou 50 vezes, ou 100 vezes os valores da jurisprudência a gente tem que aceitar”, disse Landim.

Na terça-feira, a Câmara de Conciliação já tinha divulgado uma nota informando que, “esgotadas todas as tentativas de negociação”, o Flamengo “recusou-se a celebrar um acordo de reparação às vítimas do incêndio”. No mesmo dia, a diretoria do clube, também em nota, havia mencionado que “teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013”.

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Na entrevista coletiva de domingo, Landim voltou atrás e disse que o caso do incêndio na boate, ocorrido no Rio Grande do Sul em 2013, não era uma referência. O dirigente não citou casos específicos. Limitou-se a dizer que a referência “são situações mais próximas, casos de crianças sob a guarda de empresa ou de alguém”.

Após a divergência entre os valores sugeridos pelas autoridades estaduais e os propostos pelo Flamengo, alguns familiares relataram descontentamento com a postura do clube. Segundo Landim, essas famílias estariam sob orientação de advogados particulares, que teriam criado “um clima dentro daquele grupo que fosse deliberado um valor muito alto” de indenização.

Embora tenha reconhecido que é direito de todos buscar advogados, Landim ressaltou que o Flamengo insistirá numa saída negociada, a partir de um procedimento no Núcleo de Mediação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

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