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Franco suíço quebra corretora e West Ham perde patrocínio

É a segunda vez que a economia derruba o time inglês, que tem 120 anos de história e disputa a primeira divisão do país

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Por Fernando Nakagawa
Atualização:

Azarado é um termo que pode definir o West Ham United, um time da principal liga do futebol britânico. Com 120 anos, o time tem bom desempenho no gramado e está em sétimo lugar no Campeonato Inglês. Fora do campo, a história é diferente. A patrocinadora das camisas do clube, a corretora Alpari, quebrou nas últimas horas com a disparada do franco suíço. É a segunda vez que a economia derruba o West Ham. Em 2008, o grupo turístico XL patrocinava o time e quebrou diante da disparada do petróleo. No frio perto de 0ºC do inverno inglês, os jogadores do West Ham treinaram normalmente nesta quinta-feira em preparação ao jogo do próximo domingo contra o Hull City, o antepenúltimo colocado no Campeonato Inglês. Enquanto jogadores corriam no leste de Londres, o Banco Central da Suíça aquecia o mercado ao surpreender investidores com o fim da regra que atrelava o preço do franco suíço ao euro.

Corretora Alpari quebra e deixa de apoiar o West Ham Foto: Alastair Grant/AP

A medida pegou todo o mercado financeiro de surpresa, causou pânico em muitos investidores e as cotações da moeda suíça chegaram a subir quase 40%. Em Londres, o chefe de análise da corretora Alpari, James Hughes, classificou a medida dos suíços como "irresponsável". Outro analista da corretora que patrocina o West Ham avaliou a ação como "vergonhosa".

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Pouco mais de 24 horas após a decisão do BC em Zurique, a Alpari veio a público para outro anúncio: a corretora quebrou. "A inesperada ação do BC da Suíça resultou em volatilidade excepcional e extrema falta de liquidez. Isso fez com que a maior parte dos clientes registrasse perdas que excederam o patrimônio de suas contas. Sempre que um cliente não pode cobrir sua perda, o prejuízo é passado para nós. Isso nos forçou a confirmar que hoje, 16 de janeiro de 2015, entramos em insolvência", diz o comunicado enviado aos clientes.

O West Ham ainda não se pronunciou sobre o contrato assinado em fevereiro de 2013 com a Alpari e que previa o patrocínio das camisas até o início de 2016. Com mais de 200 mil clientes, a Alpari foi fundada em Londres em 2004 e mantinha operações na Inglaterra, Alemanha, Japão e China. Parte relevante dos clientes era da Rússia. Havia expectativa de que a empresa poderia abrir o capital em 2015.

FALTA HEDGE

A história é idêntica à vivida pelo West Ham em setembro de 2008, quando a patrocinadora da equipe na época, a operadora de turismo britânica XL, quebrou diante da escalada do petróleo. Na época, o barril do petróleo chegou à marca histórica de US$ 140. A XL não tinha contratos de proteção financeira contra a subida do combustível para os 21 aviões da companhia e a disparada de preços tornou o negócio inviável. Assim, a patrocinadora entrou em colapso, o time inglês perdeu milhões de libras prometidas em patrocínio e a camisa ficou sem propaganda.

Semanas depois do colapso da XL, o banco Lehman Brothers quebrou nos Estados Unidos. Isso deflagrou a crise financeira que persiste até agora em todo o mundo. Curiosamente, a quebra do banco norte-americano derrubou os preços do petróleo para a casa dos US$ 40 nos meses seguintes. Mas já era tarde para a operadora de turismo e, assim como a economia, o West Ham entrou em crise. Ficou em um modesto 17º lugar no campeonato seguinte e amargou o 20º e último lugar na disputa da temporada 2010/2011 do futebol nacional, o que derrubou a equipe para a segunda divisão.

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