Futebol da Arábia atrai, mas não segura treinadores

Dos 16 técnicos que começaram a temporada, metade já saiu na virada do primeiro para o segundo turno

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Por Gonçalo Junior
Atualização:

Atrás dos “dois caminhões de dinheiro” que seduzem os técnicos brasileiros que são convidados a trabalhar na Arábia Saudita está uma realidade do futebol quase amadora. Tradutores que conhecem pouco do riscado, gestores intransigentes e falta de profissionalização são alguns dos problemas mais comuns enfrentados por quem decidiu trocar o Brasil por esse país, ou região. 

Carille se despediu do Corinthians em maio. Foto: Felipe Rau/Estadão

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Dos 16 técnicos que começaram o ano, oito já fizeram as malas e deixaram a Arábia na virada do primeiro para o segundo turno. A maioria sai insatisfeita com as condições de trabalho. A questão não envolve só brasileiros, como Fábio Carille, que ficou sete meses por lá e voltou para o Corinthians. Entre os oito profissionais que desistiram, três são europeus e outros cinco são da América do Sul.

Os treinadores comentam a situação apenas sob a condição de anonimato. “Um dos grandes problemas é o idioma. A tradução é feita por pessoas que não estão acostumadas com o futebol. Com isso, não conseguimos passar a informação que desejamos”, diz um técnico que trabalhou lá neste ano. “Com exceções, os clubes precisam ser mais profissionais, com pessoas qualificadas para fazer as tarefas. Eles não têm isso. Os times são quase amadores”, conta outro profissional. 

Técnicos de várias partes do mundo são convidados a trabalhar no país para desenvolver o futebol local. As ofertas são irrecusáveis. No caso de Carille, a expressão “dois caminhões de dinheiro” queria traduzir um salário mensal da ordem de R$ 1,25 milhão, quatro vezes o que ganhava no Corinthians. O valor do contrato para a comissão de quatro profissionais era de R$ 40 milhões para dois anos. Os clubes sauditas são financiados pela Autoridade Geral de Esportes, a principal entidade esportiva do governo saudita.

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