
08 de fevereiro de 2019 | 04h30
A permanência ou não do técnico André Jardine no comando do São Paulo passa diretamente por Raí, que tem carta branca do presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, para tomar uma decisão. O treinador se encontra bastante ameaçado no cargo após derrota para o Talleres (2 a 0), na última quarta-feira, na Argentina, pelo jogo de ida da Pré-Libertadores.
O time precisa fazer história para não ser eliminado, e a ideia da diretoria encabeçada por Raí é segurar o técnico até o duelo da volta, na quarta que vem, no Morumbi. A menos que consiga reverter a situação, Jardine dificilmente seguirá no cargo. Antes, terá um duelo pelo Campeonato Paulista: neste sábado, a equipe visita a Ponte Preta, em Campinas.
O Estado apurou que o clima nos bastidores é péssimo. Há um misto de frustração pelo resultado em si em Córdoba e de decepção pelo trabalho como um todo de Jardine, que assumiu prometendo mudar a forma de a equipe jogar: em vez do jeito mais pragmático de Diego Aguirre, de quem foi auxiliar no ano passado, um time ofensivo, nos moldes do estilo que Jardine consagrou enquanto dirigia o sub-20. Na base tricolor, ele enfileirou diversas conquistas importantes, entre elas, a Libertadores da categoria.
Não foi o que se viu até agora. Em seis partidas oficiais no ano – sem contar os amistosos da Florida Cup –, o São Paulo acumula três vitórias e três derrotas. Marcou oito gols e sofreu seis. A dura derrota para o Talleres escancarou o abismo entre o que pretende Jardine e o que seus jogadores executam.
É justamente essa inconstância que tem deixado Raí insatisfeito. Na última vez em que se sentiu assim, demitiu Aguirre.
No discurso, Raí demonstrou apoio a Jardine, ainda na Argentina: “Continuo acreditando no estilo dele, no trabalho”, afirmou. Poderia ser um bom sinal ao treinador, se não lembrasse muito o modus operandi da gestão Raí.
No dia 16 de outubro do ano passado, quando Aguirre vinha colecionando maus resultados que afastavam a equipe da briga pelas primeiras posições do Brasileirão, o diretor de futebol afirmou: “A gente acredita muito no trabalho dele”. Menos de um mês depois, em 11 de novembro, o uruguaio foi demitido.
Voltando ainda mais no tempo, durante sua apresentação como novo homem forte do futebol tricolor, no dia 8 de dezembro de 2017, Raí fez questão de prestigiar o trabalho de Dorival Júnior, questionado por parte dos conselheiros e da torcida durante a temporada: “O Dorival é o treinador do São Paulo, não é só o meu treinador. Eu me dou muito bem com ele, acredito no trabalho e estou muito confiante”. Dorival durou só mais dois meses.
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