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Demitir técnico, como ocorreu com Dorival, no Santos, é sempre mais fácil

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Atualização:

Duas notícias deste domingo evidenciam a falta de gestão dos clubes brasileiros, não todos, porque não devemos generalizar, mas de boa parte deles, e da primeira divisão. A primeira delas é lugar-comum no futebol brasileiro sempre que as coisas não andam conforme se espera. Depois de perder para o Corinthians, amargando a terceira derrota no Nacional, a diretoria do Santos convocou Dorival Jr. para uma reunião emergencial para discutir seu trabalho. O veredicto já era sabido quando o telefone do treinador tocou: seria demitido. E foi. Elano assume o time da Vila interinamente até que outro seja ajeitado. 

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Até bem pouco tempo atrás, Dorival era reverenciado, citado como um dos mais experientes do Brasil, melhor do que muitos dessa nova geração que se forma. Não é mais nada disso. Pelo menos não para a diretoria santista. Pressionada pelos maus resultados no Brasileirão, mesmo em começo de campeonato, e com o time classificado na Libertadores e Copa do Brasil, Modesto Roma Jr. fez o óbvio e o mais fácil – cuspiu no seu próprio planejamento. É assim no futebol desde os primórdios. Tem agora de recomeçar do meio do ano. Demitir treinador em meio a disputas é desculpa de maus gestores, de quem não consegue arrumar a própria casa ou motivar seus jogadores. O Santos vive isso a partir de hoje. O Palmeiras já viveu com Eduardo Baptista.

Outro ato grotesco que não cabe mais no futebol dito profissional é o que aconteceu com Cueva, meia do São Paulo. O jogador foi retirado da concentração para a partida com a Ponte Preta porque se valeu de um spray para os pés, indicado pelos médicos do clube, que continha substâncias proibidas. Elas poderiam aparecer no antidoping. Ora, o jogador se prepara a semana toda, o treinador conta com o cara e na hora do jogo ele descobre que o planejamento foi para o brejo por causa de um erro do departamento médico.

Como disse o próprio médico responsável do São Paulo, José Sanchez, não se deve fazer uma caça às bruxas, mas é inegável que bobeadas desta natureza não fazem parte da conduta profissional que se exige atualmente no futebol, tampouco do profissionalismo de um time que se propõe ser sério. O lado bom, se é que podemos enxergar um nisso, foi a rapidez e coragem de Sanchez de assumir o erro e evitar mal pior a Cueva e à própria instituição, que seria o doping do jogador.

Parafraseando Muricy Ramalho, com toda a sua simplicidade, de conversas retas e sem rodeios, a derrota de 1 a 0 do São Paulo para a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, é reflexo da lambança, não somente dela, mas também dela. A bola pune, e puniu o tricolor. É preciso repensar, portanto, quando apontamos Ceni como único responsável pelos fracassos do São Paulo.

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Prova de que mudar o comando de um time nem sempre representa melhora imediata é a campanha pífia do Palmeiras com Cuca. Reverenciado na conquista do Brasileirão de 2016, o treinador que entrou no lugar de Eduardo Baptista sofre para ajeitar o time. O empate sem gols em casa com o Atlético-MG recebeu vaias da torcida no Allianz, ou de parte dela. O Palmeiras teve chances, desperdiçou pênalti. Mas o pior de tudo é não conseguir mais fazer boas jogadas.CORINTHIANS É preciso mudar o conceito sobre o time de Fábio Carille, inclusive o meu. Ninguém ganha um Estadual por acaso, tampouco consegue se sustentar entre os primeiros do Brasileiro após quatro rodadas. Um dos poucos invictos.CR7 Qual é a genialidade de Cristiano Ronaldo? É saber de suas limitações e apostar no fundamento que pode diferenciá-lo de um atacante comum, o faro de gol. É por isso que ele está no mesmo nível, por exemplo, de Lionel Messi.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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