Governo cede e os clubes terão 240 meses para parcelar dívidas

Refinanciamento ganha 60 parcelas e não terá os 10% de entrada

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Por Daniel de Carvalho
Atualização:

O Palácio do Planalto resolveu ceder aos clubes de futebol e anunciará na tarde desta terça-feira que eles terão 240 meses para pagar suas dívidas que, juntas, somam R$ 4 bilhões. O governo defendia que o refinanciamento se desse em 180 meses com uma entrada de 10% do valor do débito. Esse percentual também não será mais cobrado. O texto da Medida Provisória será apresentado nesta tarde. O anúncio seria feito nesta manhã pelo ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) na Câmara. Mais de uma hora depois, os deputados foram avisados de que ele não viria. Quem apareceu foi o ministro do Esporte, George Hilton, que informou que o texto só seria apresentado às 14h30, na Casa Civil. O atraso irritou alguns deputados. "Ministro, o senhor não falou nada", disse Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se levantou e deixou a reunião contrariado. "Nós todos estamos aborrecidos", afirmou Jovair Arantes (PTB-GO). O deputado Orlando Silva (PC do B-SP), ex-ministro do Esporte no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tentou amenizar o clima, afirmando que Hilton é um aliado, mas criticou o atraso na apresentação da proposta. "O acordo é que até o Carnaval nós iríamos conhecer uma proposta", afirmou. Os deputados também reclamaram de saber das propostas do governo apenas pela imprensa.

Governo anunciará nesta tarde propostaque parcela R$ 4 bilhões em 240 meses Foto: André Dusek/Estadão

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Hilton disse que o atraso se deveu ao prolongamento da reunião de líderes da base do governo com alguns ministros e com o vice-presidente Michel Temer no começo desta manhã. A reportagem apurou que o Ministério da Fazenda ainda faz ajustes na proposta.

Jovair Arantes disse que "os clubes estão cada vez mais em desespero" por causa do acúmulo de dívidas. A Câmara discute uma proposta há um ano e meio. O texto dos parlamentares é considerado mais benevolente com os times de futebol. Paralelamente, o governo montou um grupo de trabalho interministerial para também fazer uma proposta. "Acho que agora chegamos à possibilidade de ter um resultado final", afirmou Arantes, que citou diversos setores econômicos que já conseguiram refinanciar suas dívidas.

"A gente queria inovar num sistema de financiamento que não fosse igual aos outros", disse Hilton. "O texto (do governo) contempla a maior parte da proposta que já vinha sendo discutida amplamente pela Casa. Ele (o texto) iniciou aqui e tem que terminar aqui (na Câmara)", afirmou o ministro. "A gente nem sempre consegue o ideal, mas o possível. E queremos construir com os senhores deputados o texto final", afirmou.

Otávio Leite se disse ansioso para conhecer a proposta do Planalto. "Finalmente o governo acordou para isso", afirmou em entrevista antes da chegada de George Hilton. O deputado defende que se chegue a um denominador comum e o texto da Câmara siga para votação imediata. "Se chegar a um denominador comum, vota-se o projeto que já está na marca do pênalti", disse Leite. "A preponderância constitucional do dever de legislar é do Legislativo".

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