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Grafite luta muito para ir ao Mundial

Por Agencia Estado
Atualização:

Esta semana, o atacante Grafite cumpre mais uma etapa da recuperação para voltar aos gramados: deixa os exercícios de fisioterapia e passa a correr na esteira. Um grande progresso para quem passou, há dois meses, por delicada cirurgia para reconstruir o ligamento e a parte lateral do joelho direito. A recuperação surpreende os médicos, que prevêem seu retorno ao futebol em novembro. "Quem sabe, estou na foto do time no Mundial do Japão ?", diz o jogador. Nesta entrevista exclusiva à Agência Estado, Grafite conta detalhes do período longe do futebol e fala de sua identificação com o São Paulo. AE - O que passava pela cabeça quando você começava a fisioterapia? Grafite - Pensava: mais um dia pela frente... (risos). Essa parte é estressante, porque os movimentos são repetitivos, sempre a mesma coisa. Mas procurei encarar com seriedade e força de vontade todo esse período. AE - Voltar a jogar é seu maior objetivo? Grafite - Hoje, sim. No início, o que eu mais queria era voltar a andar sozinho, sem a ajuda das muletas. Depois, recuperar a musculatura, voltar a dirigir. A próxima é correr na esteira. Tudo por etapas. Claro que meu maior objetivo é voltar a jogar e estar em campo no Mundial. AE - Está sendo, ao mesmo tempo, o melhor e o pior ano da sua carreira? Grafite - Sim, porque quando me contundi estava num grande momento: cheguei à seleção, fui campeão paulista, estava bem na Libertadores, fazendo gols. Foi difícil assimilar, esse tipo de lesão é algo que a gente não imagina que vai acontecer. Mas já passei pela fase mais complicada. AE - Qual foi o dia mais difícil: o do seqüestro da sua mãe ou o da cirurgia? Grafite - O seqüestro mexeu muito com o lado emocional, mas felizmente foi só um susto, durou pouco. O pior momento foi quando saí da sala de cirurgia e os médicos me disseram que eu ficaria seis meses sem jogar. Não tinha noção que a operação era tão grave. Fiquei pra baixo, não queria mais sair de casa. Agora, estou bem mais animado. AE - Em 2004, você foi criticado pela torcida, mas quando se lesionou, os mesmos torcedores disseram que você fazia falta. Como explica a volta por cima? Grafite - Não sou um jogador habilidoso, mas dou a vida em campo e, aos poucos, os torcedores reconheceram isso. Quando cheguei ao São Paulo, vinha de um clube (Goiás) que não tem tanta expressão. É difícil assimilar isso, há muita pressão. Fui chamado de corintiano, por fazer os gols (vitória por 2 a 1 sobre o Juventus) que salvaram o Corinthians do rebaixamento no Paulista. No dia em que eu disse que seria titular do São Paulo no lugar do Luís Fabiano, os repórteres riram de mim. Mas nunca desanimei. Por isso, o Leão foi muito importante. AE - Por que ele foi marcante? Grafite - O Leão soube explorar o que tenho de melhor, não me deixou restrito a um setor do campo, passei a ter mais mobilidade. Muitos o criticam por ser rígido, mas a qualidade dele não se questiona. Quando chegou ao São Paulo, éramos um time perdido. Recuperamos a confiança. Veja o trabalho que está fazendo no Palmeiras... AE - Depois que o Leão saiu, o ambiente no elenco continuou bom. Foi importante para vencer a Libertadores? Grafite - O Paulo Autuori soube manter a boa convivência com os jogadores. Ele tem mais diálogo, mas sabe cobrar, na hora certa. Muitos duvidavam do seu trabalho, mas ao longo da Libertadores mostrou o talento que tem. AE - O que você sentiu na final da Libertadores, quando o time inteiro lhe homenageou? Grafite - Estava frustrado por não poder jogar. Aquela homenagem, a faixa, preencheu, um pouco, aquele vazio. Eu nem ia subir para o gramado, mas meu sobrinho pediu para ir lá com ele. Quando subi, a torcida começou a gritar meu nome. Fiquei emocionado, mas o mais legal foi a lembrança dos companheiros. Ainda fico chateado, vejo a foto do time campeão e não estou lá. Mas quem sabe na do Mundial apareço ? Vou fazer de tudo para isso. AE - Mas a concorrência está maior, com a chegada do Amoroso, do Christian e do Leandro Bomfim... Grafite - Com certeza, mas confio no meu potencial. Sei que voltarei a jogar, tenho uma história aqui dentro. A disputa pela posição é importante para o time. AE - Por que o time não se encontrou depois de ter sido campeão? Grafite - Na Libertadores estávamos tão concentrados que não víamos mais nada a nossa volta. Houve o relaxamento natural. Está durando demais, mas também não estamos tendo sorte em alguns jogos. Não devemos mudar nada, nem comissão técnica, nem jogadores, esse é um grupo vencedor. Se cada um se empenhar um pouco mais, vamos sair dessa situação.

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