
26 de junho de 2015 | 07h00
Alvo de críticas após o jogo com o Fluminense, há quase duas semanas, o gramado do Allianz Parque estará em melhores condições para o clássico entre Palmeiras e São Paulo, no domingo. O Estado esteve no estádio na quinta-feira e constatou que o campo está bem melhor com os 14 dias de folga sem jogos.
A reportagem conversou com Eduardo Rigotto, gerente de operações da WTorre, e Fábio Camara, diretor técnico da World Sports (empresa responsável pelo gramado da arena), e ambos culparam o excesso de eventos – cinco em dez dias – pelo estado lastimável da grama no jogo contra o Fluminense, há dez dias.
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Administrar o gramado da arena, segundo os dois executivos, tem sido um grande aprendizado. A localização e estrutura da arena – que tem cobertura nas arquibancadas que evita a entrada do sol – fazem com que diversas adaptações precisem ser feitas para manter o gramado em boas condições.
"Acho que mais uns seis meses e tiramos nota dez no gramado. Estamos testando cobertura de grama em shows e precisamos de várias rodadas de erros e acertos para normalizar tudo", explicou Rigotto. "Esse ano é para aprender com as coisas e 2016 estará tudo normalizado. Estamos passando por todos os eventos possíveis", completou Camara.
O Palmeiras enfrentou o Internacional dia 4, depois teve treino do México e do Brasil nos dias 5 e 6, respectivamente, e o amistoso no dia 7, além da partida com o Fluminense dia 14. "A gente sabia que a qualidade do gramado ia diminuir, mas o treino do México prejudicou mais o gramado do que o jogo. Foi muito mais pegado do que o combinado", explicou o representante da construtora.
Além dos jogos e shows, alguns eventos também fazem com que o gramado seja castigado, como eventos corporativos. Na sexta-feira passada, um grupo de empresários ficou por cerca de 60 minutos jogando na arena, mas isso não chegou a comprometer o gramado. "A recomendação técnica é uma e a comercial e logística é outra. O nosso desafio é encaixar as ideias", disse Rigotto.
Algo que ajuda na recuperação da grama é a luz. Para compensar a falta de entrada da luminosidade natural, pelo fato de ser um estádio bem fechado, existe um sistema de iluminação artificial importado da Holanda para conseguir fazer a grama de inverno, plantada em maio, crescer e deixar o campo em perfeitas condições.
O Palmeiras decidiu não treinar na arena nesta semana. A decisão foi do próprio clube, que foi passar a semana em Atibaia e amanhã treinará na Academia de Futebol. O atacante Alecsandro, com lesão na coxa esquerda, vai ficar fora cerca de um mês.
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E. Rigotto e F. Camara
26 de junho de 2015 | 06h59
O Estado visitou o Allianz Parque nesta quinta-feira, viu a condição do gramado para o clássico entre Palmeiras e São Paulo, domingo, e conversou com Eduardo Rigotto, gerente de operações da WTorre, e Fábio Camara, diretor técnico da World Sports, que explicaram sobre a situação do campo.
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O que aconteceu para o gramado ter ficado daquele jeito que vimos no jogo com o Fluminense e o que foi feito para melhorá-lo?
RIGOTTO - Fazer a gestão do estádio como um todo, com o objetivo de ser multiuso é um desafio muito grande. O gramado é um dos maiores desafios, principalmente pela questão do sol na grama. A nossa arena é 100% coberta. Isso é positivo para os eventos, mas o problema é que insolação abaixa muito. Temos equipamentos vindos da Europa que provocam a iluminação artificial. Apesar de toda a experiência da World Sports, o desafio não é fácil. Existem algumas situações do excesso de uso. A grama não estava tão forte para receber tantos eventos em tão pouco tempo. A gente sabia que a qualidade do gramado iria diminuir, mas teve o jogo do Palmeiras na quinta, dois treinos do México e da seleção brasileira e o jogo.
Mas não era sabido que esses eventos seriam realizados?
RIGOTTO- Sim, mas o treino do México foi muito pesado e pegado. O treino do México prejudicou mais o gramado do que um jogo normal e o combinado era de que seria uma atividade mais leve. A gente teve quatro cargas de jogos em cinco dias. A gente sabia que a condição do gramado ia piorar, mas na hora, mesmo a gente combinando que seria só bola parada, o técnico resolveu mudar.
Não tinha como abrir mão de algum desses eventos em prol do gramado?
RIGOTTO - A recomendação técnica é uma e a comercial e logística é outra. Eu não recomendaria o treino pesado do México. O Brasil fez o reconhecimento de campo, que foi tranquilo. O problema foi o treino do México mesmo.
CAMARA - A sequência de treinos foi o que mais atrapalhou, mesmo. Se acompanhar o jogo que teve no Beira-Rio, depois (também da seleção), danificou muito o gramado. A gente fez o campo lá também e eles falaram que os treinos foram muito agressivos ao gramado.
Para domingo, clássico com o São Paulo. Como estará o gramado?
RIGOTTO - Quem viu o gramado no último jogo e vai ver domingo, terá uma grata surpresa. Vai melhorar muito. Não estará nota 10, mas vai melhorar muito. São 14 dias de um jogo para o outro e isso ajudou bastante.
Quanto tempo vai demorar para estar 100%?
RIGOTTO - Acredito que teremos mais uns seis meses até tirarmos 10 no gramado. Tivemos alguns shows e estamos testando a cobertura de grama para ver qual delas fica melhor. Estamos vendo qual será a melhor para usar sempre a mesma. Precisávamos de várias rodadas de erros e acertos.
CAMARA - Esses eventos que vão ter no fim do ano serão bom para aplicarmos todos esses testes. Esse ano é para aprender e 2016 estará tudo normalizado.
Esses jogos de empresários que são disputados no gramado não atrapalha também?
RIGOTTO - Como é um jogo de amadores, não muda muita coisa. Os danos foram tranquilos, muito pequenos, porque eles não vão ao campo para trabalhar. Eles vão se divertir. E recentemente teve um evento que foram quatro partidas de 15 minutos cada.
Porque não utilizar a grama híbrida Desso? Ela é mais resistente. O motivo foi financeiro? Em Wembley e no Itaquerão utilizam, por exemplo...
CAMARA - Isso é um sistema de reforço de solo. Tem no estádio do Corinthians e no Grêmio também. A Desso tem quase 20 anos e é boa para lugares frios, mas hoje ela não está mais sendo tão utilizada. A Desso é boa, mas te deixa preso, porque você não consegue ter muitos eventos no campo. E os estádios que usam essa grama geralmente são só para futebol. Chegou a ser discutida a possibilidade, mas chegamos a conclusão que era melhor não instalar ela aqui.
RIGOTTO - A gente gastou R$ 700 milhões na arena. O gramado representa cerca de 0,2% do valor da obra. A gente não iria economizar nisso. 0,2% ou 0,3% não faria diferença. Não utilizamos por entender que não seria a melhor opção.
Dentro de todas essas coisas, o Allianz Parque é o estádio mais difícil de administrar?
CAMARA - Dos que a gente cuida, é o que exige um pouco mais de atenção. O gramado do Corinthians, teoricamente, é o mais complicado que esse, porque lá tem bomba, resfriamento, etc. Mas vale lembrar que lá só tem quatro eventos por mês, que são os jogos do Corinthians.
Vocês pediram para o Palmeiras não treinar essa semana na arena?
RIGOTTO - Não. Eles viram que o gramado não estava bom. Conversamos depois do jogo, que esses 14 dias de descanso seria bom e não houve pedido para treinar. Foi um consenso, não proibimos ninguém de treinar na arena.
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