Griezmann finaliza parceria com a Huawei por denúncias de reconhecimento facial de uigures na China

Atacante do Barcelona convida empresa a demonstrar que não colabora com repressão contra muçulmanos da região de Xinjiang

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Por Reuters
Atualização:

O atacante francês do Barcelona Antoine Griezmann, que era embaixador da gigante tecnológica chinesa Huawei, cortou as relações comerciais com a empresa citando o tratamento a muçulmanos uigures na China.

"Após as fortes suspeitas de que a Huawei poderia ter contribuído para o desenvolvimento de um 'alerta uigur' através de um software de reconhecimento facial, anuncio que cesso imediatamente a minha colaboração com esta empresa", escreveu o atacante.

Griezmann era embaixador da Huawei desde 2017, quando ainda estava no Atlético de Madrid Foto: Issei Kato / Reuters

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"Eu aproveito a ocasião para convidar a Huawei para não somente negar estas acusações, mas para tomar ações específicas o mais rapidamente possível para condenar esta massiva repressão e usar sua influência para contribuir para o respeito aos direitos humanos", finalizou Griezmann em sua rede social.

Um porta-voz da Huawei disse que a empresa ficou triste com a decisão de Griezmann. "Gostaríamos de fazer um convite para falar com ele pessoalmente, para explicar o trabalho que está sendo feito atualmente no mais alto nível, dentro da empresa, para abordar as questões de direitos humanos, igualdade e discriminação em todos os níveis", disse o porta-voz.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 1 milhão de uigures étnicos e muçulmanos estão detidos na província chinesa de Xinjiang. A China nega qualquer abuso, e diz que seus campos na região proporcionam treinamento vocacional e ajudam a combater o extremismo.

Griezmann era embaixador da Huawei desde 2017, e também trabalhou com a empresa quando estava no Atlético de Madri, tendo chegado a apresentar um celular com a marca de seu clube anterior em 2016.

Outro jogador que já se manifestou contra a situação dos uigures foi Mesut Özil, meia alemão do Arsenal, que professa a religião islâmica. "Eles queimam seus Alcorões, fecham suas mesquitas, proíbem suas escolas, matam seus homens de fé. Homens são forçados a entrar em campos de concentração, e suas famílias são forçadas a viver com homens chineses. As mulheres são forçadas a se casar com homens chineses. Mas os muçulmanos estão calados, não fazem um barulho sequer. Eles os abandonaram. Eles não sabem que consentir à perseguição é uma perseguição em si?", questionou o atleta em dezembro de 2019.

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