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Guerra de nervos toma conta do SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Raivosos, com premiações atrasadas, a certeza de que Kaká não tem condições de suportar 90 minutos em campo e ainda com o grande risco de vencer o Corinthians e não ter o direito de pegar a taça do Campeonato Paulista para dar a tradicional volta olímpica por causa do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Não bastasse a obrigatória missão de derrotar o poderoso adversário que terão pela frente neste sábado, às 18 horas no Morumbi, o lado psicológico dos jogadores do São Paulo não poderia estar mais abalado nesta tumultada decisão. A notícia de que se o clube vencer neste sábado não poderá ser proclamado campeão chegou quando o time já se preparava para deixar Extrema. Apenas Luiz Fabiano que ainda não havia dado entrevista resolveu falar e resumiu a revolta que domina o time. "Seria melhor então nós nem entrarmos em campo. O que adianta ganhar e não ser considerado campeão? Isso não existe. É lógico que mais essa confusão nos deixa irritados demais. Depois de tudo que está acontecendo eu quero matar o Corinthians. Afundar esse clube na final", desabafava o atacante. Fracassou o plano de Oswaldo de Oliveira de isolar a equipe por quatro dias na cidade mineira de Extrema para dar tranqüilidade aos atletas. A incerteza e a raiva dominaram a preparação do São Paulo nesta decisão. O time tem a obrigação de vencer para tentar o título. Perdeu Maldonado e Gustavo Nery suspensos e Leonardo que não conseguiu recuperar a tempo sua forma física depois da contusão no púbis. Oswaldo apostou Júlio Baptista, Júlio Santos e Gabriel. Todos jovens e ansiosos para decidir um título tão importante. "Eu quero entrar em campo e provar para aqueles que duvidam de mim que tenho condições de ser titular do São Paulo", dizia Júlio Santos deixando antever a pressão que ele mesmo já sente. Ele com Gabriel serão as duas mudanças obrigatórias na defesa. "Eu vou entrar em campo e provar que não tenho medo do Gil e de ninguém", avisava Gabriel. Ou seja: antes mesmo de pensar no título, os dois tinham preocupações mais íntimas - mostrar para os torcedores do São Paulo que merecem ser titulares. Não bastassem essas mudanças, Oswaldo de Oliveira tem o desafio Kaká. Com a contusão da estrela do time, ele treinou durante a semana inteira Reinaldo como meia e Itamar na frente ao lado de Luís Fabiano. O rendimento não foi satisfatório e demonstrou que a ausência de Kaká seria problemática demais. Reinaldo que marcou apenas um gol neste ano mostrou que ainda não tem condições físicas de armar o time e ainda ajudar na frente. Itamar e Luís Fabiano acabaram muito isolados. Júlio Baptista se preocupava só em dar cobertura a Gabriel que foi proibido de atacar porque no seu setor atuará Gil. Ricardinho ficou preso às intermediárias dando cadência ao time e pouca objetividade ao ataque. O jogador mais solto e convicto na frente foi o lateral Fabiano. "Essa será minha terceira partida como titular do São Paulo. Sei que, por causa do Gil no lado direito da nossa defesa, serei o desafogo do nosso time. Tenho de ajudar o nosso ataque porque precisamos ganhar. Embora ainda não esteja completamente entrosado preciso arriscar", dizia, preocupado, Fabiano. O plano tático de Oswaldo de Oliveira é surpreender o favorito e sossegado Corinthians. Ele colocará seu time na frente no começo da partida. Inteligente, sabe do risco que significaria a equipe sair em desvantagem no placar. Com o time psicologicamente fraco e com baixo poder de reação, marcar o primeiro gol será o seu grande trunfo nesta decisão. "Nós iremos sair com determinação e firmeza para ganhar o Campeonato Paulista. Embora muita gente afirme o contrário, nós sabemos da nossa força e que poderemos muito bem vencer o Corinthians", dizia Oswaldo. Pressionado, o técnico usa o velho discurso de vencer ?contra tudo e contra todos? para motivar o time. Ira - Os jogadores assistiram várias vezes ao teipe da derrota de domingo passado e chegaram à simples conclusão. "Se não entrarmos com mais determinação e vontade de ganhar, não ficaremos com o título. Precisamos mudar a nossa atitude em campo para conquistar o Paulista. Não temos outro jeito", resume o capitão Rogério Ceni. "Eu não quero nem pensar muito em tática ou outras coisas. Quero ganhar porque já estou de saco cheio de perder para o Corinthians", afirma em português claro o atacante Reinaldo. "Aqui ninguém pode pensar em vice-campeonato. Precisamos demais desse título até pelo futuro do time", diz, angustiado, Ricardinho. Pela primeira vez ele decidirá um título pelo São Paulo e justo com o seu ex-clube de onde saiu sendo taxado pelos corintianos de "mercenário".

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