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Há 25 anos, Rojas simulava contusão em partida contra o Brasil

Farsa protagonizada pelo goleiro chileno no jogo disputado no Maracanã resultou em punições severas da Fifa meses depois

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Por Diego Salgado
Atualização:

A vaga da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1990 estava praticamente garantida quando um sinalizador caiu próximo ao goleiro Rojas, capitão e líder do Chile na partida disputada sob os olhares de 140 mil torcedores no Maracanã há exatos 25 anos. O incidente, que ocorreu aos 23 minutos do segundo tempo - oito minutos depois de Careca abrir o placar - tornou viável o plano do camisa 1, que tentava adiar o confronto, levando a disputa para um campo neutro.

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Em segundos, o goleiro estava caído e ensanguentado, com um corte de quase três centímetros acima do olho esquerdo. Pouco depois, todos os jogadores chilenos cercaram Rojas, defendendo o capitão. Carregado pelo time como um mártir, o goleiro foi levado para o vestiário do Mário Filho. Medicado, levou quatro pontos no corte. O Chile, alegando falta de segurança, não voltou ao gramado e adiou a decisão.

A farsa, porém, não demoraria a ser descoberta. Imagens mostraram, no dia seguinte, que Rojas continuou em pé após o sinalizador atirado pela torcedora Rosenery Mello, que navegou na onda e chegou à capa da revista Playboy, tocar o gramado, ao lado do jogador. Caído, Rojas não apresentava nenhum ferimento até levar as mãos à cabeça.

Seleção chilena abandonou o gramado do Maracanã após o incidente Foto: Flávio Canalonga/Estadão - 03/09/1989

Em dezembro daquele mesmo ano, a Fifa julgou o caso e definiu a punição: Rojas jamais voltaria a jogar futebol. Ele forjou o corte, registrou a Fifa. A seleção chilena, por sua vez, também estava fora da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Na tentativa de diminuir a pena, o goleiro confessou a farsa. "Mantive um bisturi na luva durante o jogo. Quando vi aquela fumaça perto de mim, me cortei. Saiu muito sangue", disse no fim de maio de 1990.

Ao explicar o que aconteceu, Rojas responsabilizou outros jogadores da sua equipe. O plano, segundo o capitão, teria sido maquinado dois dias antes da viagem ao Rio, com a ajuda do zagueiro Fernando Astengo, que já estava suspenso por cinco anos ao ser acusado de incitar jogadores a abandonar o campo. Já o médico da seleção, Alejandro Kock, teria fornecido o bisturi a Rojas. O técnico Orlando Aravena, também punido por cinco anos pela Fifa, acabou não mencionado pelo goleiro.

No dia seguinte à confissão de Rojas, Astengo desmentiu a versão do colega. "Ele não quer assumir a culpa sozinho e quer arrastar outras pessoas junto", disse o segundo capitão da seleção do Chile naquela partida contra a seleção brasileira 25 anos atrás.

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